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Mundo

Retrospectiva 2013: 12 fatos que marcaram o noticiário internacional

2013 viveu acontecimentos que percorreram mudanças inesperadas na maior religião monoteísta do planeta, novos rumos impostos e novos rumos optados das políticas de diversos países, os sempre presentes desafios das guerras dos homens, das catástrofes naturais e das tragédias diárias. Abaixo, doze fatos que marcaram o noticiário internacional do ano que se encerra

26 dez 2013 - 14h38
(atualizado em 6/1/2014 às 15h40)
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Jorge Mario Bergoglio apresenta-se como o papa Francisco à Praça São Pedro na noite do dia 13 de março
Jorge Mario Bergoglio apresenta-se como o papa Francisco à Praça São Pedro na noite do dia 13 de março
Foto: AP

Renúncia e sucessão no Vaticano

Ao longo de seu período de Pontificado, Bento XVI cultivou e pregou uma visão conservadora da Igreja Católica e do Cristianismo, mas acabou por ser ele o autor de uma das ações mais inesperadas e talvez mesmo revolucionárias de 2013. No dia 11 de fevereiro, em uma sessão privada com seus cardeais, Joseph Ratzinger anunciou, em um latim nem por todos entendido, sua renúncia da Santa Sé, tornando-se o primeiro Sumo Pontífice a abrir mão do mais alto posto do Vaticano em mais de meio milênio.

A decisão heterodoxa de Bento XVI abriu caminho para um Conclave que teve como desfecho a eleição de um novo Papa que carrega os símbolos e adjetivos da decisão que permitiu sua escolha. Ao apresentar-se aos fiéis na Praça São Pedro na noite do dia 13 de março, o argentino Jorge Mario Bergoglio falou pela primeira vez em público como Francisco e, indo na mão contrária do protocolo dos novos Pontífices, não abençou, mas pediu a bênção aos súditos cristãos. Desde então, mudou a imagem do Vaticano ao abrir mão de símbolos de riqueza, aproximando-se do povo e dos pobres e militando por uma reforma da Igreja e de suas ideias. Estes dez meses à frente da Igreja Católica fizeram com que fosse eleito a personalidade do ano pela revista Time.

Hugo Chávez: duas décadas de protagonismo político e pessoal que transformaram a Venezuela e a América Latina
Hugo Chávez: duas décadas de protagonismo político e pessoal que transformaram a Venezuela e a América Latina
Foto: Reuters

Hugo Chávez (1954-2013)

No dia 5 de março, o então vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou em cadeia nacional aquilo que considerou como "a notícia mais dura" que poderia dar. Hugo Chávez, político que protagonizou uma nova era da política da Venezuela e da América Latina, falecia após aproximadamente dois anos de luta contra o câncer.

"Missão cumprida, comandante", disse Maduro dias depois, no velório do líder. Mas se Chávez mudou a Venezuela ao tentar suprimir fortes desigualdades decorrtentes de governos anteriores, o Comandante Bolivariano também herdou uma forma de política que, sem sua principal figura, corria o perigo da acefalia na governança. Foi com isso que Maduro assumiu provisória e polemicamente a presidência interina do país antes de vencer um pleito muito concorrido com o opositor Henrique Capriles. Em novembro, no início desta era pós-Chávez, o Parlamento venezuelano aprovou o uso da Lei Habilitante por Maduro. Em dezembro, eleições municipais posteriores mostraram que a Venezuela, ainda que vivendo uma nova era, segue dividida entre o chavismo e seus opositores.

Corredores e espectadores instantes após as explosões do atentado em Boston
Corredores e espectadores instantes após as explosões do atentado em Boston
Foto: AP

Atentado em Boston

Os corredores já começavam a cruzar a faixa de chegada da Maratona de Boston quando explosões detonadas nas proximdades da pista espalharam o caos e o terror entre participantes e espectadores. Enquanto descobria-se que três pessoas haviam morrido e mais de 200 haviam ficado feridas, os Estados Unidos mergulhavam numa espiral de investigação e incerteza que levou, dias depois, à caçada de Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, dois irmãos de origem chechena, terroristas autoditadas e críticos das guerras do Afeganistão e do Iraque. Tamerlan morreu durante a perseguição, e Dzhokhar, ferido, foi capturado e posteriormente acusado de responsabilidade pelo atentado. Ele declara-se inocente.

Tragédia de Savar

Os oitos andares do Rana Plaza, na periferia de Savar, Bangladesh, já estavam lotados quando, às 9h de 24 de abril, a estrutura cedeu. O prédio, onde trabalhavam em condições precárias milhares de funcionários das mais diversas marcas da indústria têxil mundial colapsou. As buscas por sobreviventes só terminou no dia 13 de maio: 1.127 mortos. A tragédia gerou também o que é uma das imagens mais pertubadoras do ano.

<p>Multidão se aglomera ao redor do prédio desabado em Bangladesh</p>
Multidão se aglomera ao redor do prédio desabado em Bangladesh
Foto: Andrew Biraj / Reuters

Praça Taksim

Enquanto no Brasil dezenas de milhares saíam às ruas em protestos movidos por diversas causas nas mais diversas cidades, na Turquia ocorria algo similar. Motivados pela rejeição à reforma da Praça Taksim, moradores de Istambul iniciaram uma ocupação da área que mobilizou turcos em todo o país em protestos que, tais quais os brasileiros, abraçaram insatisfações gerais com o governo do país. No início de junho, a polícia tentou expulsar os manifestantes, que retornaram e sitiaram a praça. A mobilização enfrentou a violência e a resistência do premiê Recep Tayyip Erdogan, que, por fim, ordenou a suspensão da reforma. No total, cinco pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

<p>Taksim: semanas de mobilização, protestos e confrontos na Turquia terminam com vitória popular</p>
Taksim: semanas de mobilização, protestos e confrontos na Turquia terminam com vitória popular
Foto: Reuters

<p>Edward Snowden, fonte das denúncias à NSA</p>
Edward Snowden, fonte das denúncias à NSA
Foto: AFP

Edward Snowden e NSA

Em junho, o jornal britânico The Guardian deu início a uma série de reportagens que ele e outros jornais viriam a publicar sobre a NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. As reportagens desvendaram um vasto sistema de espionagem mantido sob os auspícios da inteligência americana, deflagrando uma onda de críticas internas e externas contra o que se considerou a flagrante invasão de privacidade de milhares de indivíduos, desde pessoas ordinárias até políticos, através de ligações telefônicas e comunicações virtuais. As denúncias - que abrangeram a diplomacia de diversos países, incluindo o Brasil - fizeram com que a Casa Branca propusesse revisões nos métodos da NSA.

Todas as denúncias tiveram como fonte Edward Snowden, um ex-funcionário contratado por uma empresa que prestava serviços à NSA. Snowden procurou os jornalistas para fazer a denúncia em Hong Kong, após pedir demissão do cargo que ocupava no Havaí. Procurado pela Justiça americana, o analista se encontra atualmente na Rússia, onde obteve visto temporário após semanas de fuga e incerteza no aeroporto de Sheremetyevo. Em dezembro, ele informalmete solicitou asilo ao Brasil em troca de serviços nas investigações da espionagem americana, mas não obteve sucesso. "Quem diz a verdade não comete nenhum delito", resumiu ele em carta publicada na revista alemã Der Spiegel.

Helicópteros do Exército egípcio sobrevoam a Praça Tahrir tomada por manifestantes
Helicópteros do Exército egípcio sobrevoam a Praça Tahrir tomada por manifestantes
Foto: Reuters

Golpe de Estado no Egito

Berço do que se irradiou e passou a ser conhecido como a Primavera Árabe, o Egito, tal qual a Síria, desafiou o epíteto em 2013. Em junho, quando completava-se o primeiro ano do primeiro governo democrático do país, a cisão da política e a disputa pelo poder levaram milhares às ruas em protestos que, se por um lado lembravam os de 2011, acabou em um golpe de Estado liderado pelos militares que há dois anos haviam renunciado. Mohammed Mursi, eleito democraticamente, foi substituído por Adly Mansour, que assumiu interinamente a presidência afirmando que o 30 de junho de 2013 completava o 25 de janeiro de 2011.

Mas o que se seguiu foi mais um retorno ao passado criticado que o avanço a um futuro almejado: restrição a protestos, revisão constitucional, restrição religiosa e, mais uma vez, violência. Um referendo constitucional foi marcado para janeiro, enquanto Mursi é acusado de conspiração internacional. Em agosto, uma operação do Exército para desmantelar o acampamento de apoiadores do presidente deposto deixou mais de 200 mortos. O episódio foi classificado como o "mais sério incidente de assassinatos em massa da história moderna do Egito".

<p>O presidente do Irã, Hassan Rouhani, durante conversa com jornalistas</p>
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, durante conversa com jornalistas
Foto: AFP

Hassan Rouhani

Durante a era Mahmoud Ahmadinejad, o Irã cultivou uma relação de desconfiança e atrito com o Ocidente e Israel. Mas 2013 foi um ano, pelo menos no que tange as esperanças em torno dos país persa, marcado pela promessa de mudança. Com o reformista e moderado Hassan Rouhani, o Irã - um dos principais pesos geopolíticos do Oriente Médio - entra numa fase de reaproximação diplomática. Em menos de um ano, o famigerado programa nuclear foi melhor debatido e um acordo inicial foi atingido.

Mas se as relações com o Ocidente melhoram, no Oriente Médio o predomínio ainda é de tensão. Se por um lado Rouhani disse e reiterou que o Irã não almeja possuir armas nucleares e que sua nação não representa perigo algum ao mundo, ele também adotou uma retórica menos pacífica ao afirmar que Israel é uma ferida que precisa ser curada e pressionou Tel Aviv a se desfazer de seu arsenal nuclear. O premiê hebreu, Benjamin Netanyahu, não foi menos incisivo: para ele, o recém atingido e comemorado acordo com Teerã foi um erro histórico.

<p>Corpos de vítimas do ataque químico na Síria que quase levou a uma intervenção internacional</p>
Corpos de vítimas do ataque químico na Síria que quase levou a uma intervenção internacional
Foto: AFP

Guerra na Síria

No dia 2 de janeiro, a ONU estimou em 60 mil os mortos pela guerra civil na Síria. Em julho, o número chegava a 100 mil. Mas, desde então, as Nações Unidas não publicaram novos balanços da violência do conflito devido à vastidão do caos, da violência e da guerra de informações no país que viu os protestos iniciados em 2011 desenvolverem-se em um sangrento conflito civil.

Em 2013, a guerra teve o seu auge quando, em agosto, um suposto ataque químico deixou cerca de 100 mortos na periferia de Damasco. Parte da oposição chegou a denunciar mais de mil fatalidades e culpar o governo pela ofensiva, enquanto os assadistas afirmavam que o episódio havia sido obra de terroristas rebeldes. Enquanto corriam as acusações mútuas, a comunidade internacional intensificou os debates devido à gravidade que representaria o uso de armas químicas. A ONU confirmou o uso deste tipo de armamento, sem no entanto afirmar o responsável.

<p>Imagem aérea mostra o campo de refugiados sírios de Zaatari, na Jordânia, em 18 de julho. Na época, o local abrigava ao menos 115 mil pessoas que fugiram da guerra civil na Síria</p>
Imagem aérea mostra o campo de refugiados sírios de Zaatari, na Jordânia, em 18 de julho. Na época, o local abrigava ao menos 115 mil pessoas que fugiram da guerra civil na Síria
Foto: Mandel Ngan / AFP

A situação beirou a intervenção ocidental quando os Estados Unidos confirmaram o uso de armamento químicos por parte do Exército de Assad e o presidente Barack Obama chegou a autorizar uma operação militar. No entanto, enquanto os governos de França e Reino Unido falhavam em obter autorização dos seus Parlamentos para participar da intervenção, a Rússia começou a gestar a situação através da promessa síria de que o arsenal químico de Assad seria destruído. Um acordo foi finalmente selado entre EUA e Rússia.

Mesmo assim, enquanto o arsenal sírio começava a ser destruído, a guerra não cessou. Em dezembro, uma nova ofensiva contra a já destroçada cidade rebelde de Aleppo deixou 300 mortos, segundo denunciou a oposição. A situaçao dos refugiados, antes já alarmante, ultrapassa a catástrofe. São todas estas questões que estarão na mesa de Genebra II, a há muito aguardada conferência de paz que tentará encaminhar a formação de um governo de transição e possibilitar uma solução diplomática para a guerra. Resta ainda saber, todavia, se os sírios participarão da conferência, atualmente marcada para o final de janeiro.

<p>Neve cobre a cidade de Homs, uma das mais devastadas pela guerra que se aproxima de completar três anos</p>
Neve cobre a cidade de Homs, uma das mais devastadas pela guerra que se aproxima de completar três anos
Foto: Reuters

Sobreviventes do tufão Haiyan caminham em meio a ruínas do vilarejo de Maraboth, nas Filipinas
Sobreviventes do tufão Haiyan caminham em meio a ruínas do vilarejo de Maraboth, nas Filipinas
Foto: AP

Tufão Hayan

No início de novembro, as autoridades das Filipinas sabiam que

se aproximava um tufão de rara potência

. Mas não se esperava que Hayan, o mais forte da temporada de 2013, se tornaria o responsável por uma das piores tragédias do ano em todo o planeta. No dia 8, o país começou a ser atingido por ventos que chegaram aos

379km/h

. A região central do pais - pobre, populoso e de precária infraestrutura -  foi devastada. O último balanço da tragédia, da segunda semana de dezembro, apontava pelo menos

seis mil mortes

, 27 mil feridos, 1,7 mil desaparecidos e 16 milhões de desabrigados.

Nelson Mandela (1918-2013)

No dia 5 de dezembro de 2013, após anos de luta contra uma saúde debilitada e décadas de resistência, liderança e transformação do seu país, Nelson Mandela morreu em sua casa, aos 95 anos. Durante 10 dias, sul-africanos e cidadãos e líderes de todo o mundo homenagearam e se despediram do ex-presidente e líder da luta contra o regime segregacionista do apartheid. Mandela foi sepultado no dia 15 em sua vila natal, deixando um legado de paz e tolerância que precisará ser mantido por um país que ainda enfrenta muitas dificuldades.

<p>Nelson Mandela</p>
Nelson Mandela
Foto: Mike Hutchings / Reuters

Uruguai

País de economia modesta, população pequena e tímida geopolítica, o Uruguai foi muito observado e estudado, criticado e invejado em 2013. Em apenas um ano, o país adotou três medidas centrais da agenda liberal: em abril, legalizou o casamento gay; em outubro, descriminalizou o aborto; e, em dezembro, legalizou e estatizou o comércio da maconha. A tríade vanguardista não veio sem muitos debates, desgastes e dúvidas internas à sociedade uruguaia, mas teve no presidente José Mujica uma figura que, pelo menos para os olhos estrangeiros, se tornou ícone popular mundial. As façanhas de Montevidéu fizeram com que o Uruguai fosse eleito o país do ano pela revista britânica The Economist.

<p>"Última manifestação com maconha ilegal", em frente à sede do Congresso uruguaio, em Montevidéu</p>
"Última manifestação com maconha ilegal", em frente à sede do Congresso uruguaio, em Montevidéu
Foto: Andres Stapff / Reuters

Fonte: Terra
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