Rússia admite, pela primeira vez, estar em guerra contra a Ucrânia
Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que isso deve ao aumento do Ocidente no nível de envolvimento no conflito
Pela primeira vez desde a invasão da Ucrânia, há mais de dois anos, a Rússia empregou o termo "guerra" para descrever os ataques ao país vizinho. Na sexta-feira (22), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a "operação militar especial" das tropas russas na Ucrânia se transformou, efetivamente, em uma guerra.
Desde o início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, o governo russo vinha referindo-se a ele como "operação militar especial" e proibindo a imprensa e a população do país de usarem o termo "guerra".
Por que a Rússia "mudou o tom"?
A mudança de tom está ligada a reeleição do presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada. Com quase 88% dos votos, Putin será presidente do país até 2030. Em seu discurso à imprensa em Moscou, após a vitória eleitoral, o líder russo alertou sobre o risco de uma escalada para a Terceira Guerra Mundial caso tropas ocidentais se envolvam na Ucrânia.
Porém, ele afirmou que não achava que alguém estivesse interessado em um conflito desse tipo. "Acho que tudo é possível no mundo moderno. Mas eu já disse isso e está claro para todos que isso (conflito entre a Rússia e a Otan) será apenas um passo de distância de uma Terceira Guerra Mundial em grande escala. Acho que ninguém está interessado nisto", disse.
Após o resultado do pleito, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, publicou um vídeo em sua conta no X, chamando o líder russo de "ditador" e "viciado no poder".
Além disso, a Rússia tem adotado uma ofensiva maior. Recentemente, foi feito o maior ataque na Ucrânia deste ano e o maior bombardeio à infraestrutura do país desde o início da guerra.
De acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia, 90 mísseis e 60 drones foram lançados pela Rússia e atingiram diversas cidades do país, inclusive a capital, Kiev. O ministério também informou que duas pessoas morreram e diversas ficaram feridas. Zelensky relatou que o foco dos ataques foram centrais elétricas e linhas de fornecimento de energia. Como consequência, por fim, gerou apagões por todo o país.
This night, Russia launched over 60 "Shahed" drones and nearly 90 missiles of various types at Ukraine. The world sees the Russian terrorists' targets as clearly as possible: power plants and energy supply lines, a hydroelectric dam, ordinary residential buildings, and even a… pic.twitter.com/5dX2fAMMiE
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 22, 2024
* Sob supervisão de Lilian Coelho