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Rússia bloqueia acesso à BBC, Facebook e outras mídias

Órgão de vigilância de comunicações da Rússia acusa veículos de divulgar "informações falsas" sobre a guerra da Ucrânia e boicotar mídias russas

4 mar 2022 - 16h43
(atualizado às 17h01)
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REUTERS/Regis Duvignau
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Foto: Reuters

O órgão de vigilância de comunicações da Rússia disse nesta sexta-feira, 4, que bloqueou o acesso a vários sites de organizações de notícias estrangeiras por divulgar o que considerou "informação falsa" sobre a invasão na Ucrânia. A lista de veículos inclui BBC, Voice of America, Radio Free Europe/Radio Liberty e Deutsche Welle, dentre outros.

A Meta Plataforms Inc, detentora do Facebook, também foi restrita por "discriminação contra a Rússia".

"O acesso foi restrito a uma série de fontes de informação estrangeiras", disse o órgão de vigilância, conhecido como Roskomnadzor, em comunicado, segundo a Reuters. "O motivo para restringir o acesso a essas fontes de informação no território da Federação Russa foi a circulação deliberada e sistemática de materiais contendo informações falsas."

Em relação ao Facebook, o Roskomnadzor acusou a plataforma de restringir o acesso à mídia russa. O comunicado informa que 26 casos de discriminação contra a imprensa do país foram identificados desde outubro de 2020. O Facebook ainda não se pronunciou.

Já a BBC disse em resposta que "o acesso a informações precisas e independentes é um direito humano fundamental" e que milhões de russos confiam nas notícias do canal.

No início desta semana, a emissora inglesa disse que a audiência do site de notícias em russo da BBC mais do que triplicou sua média semanal no ano e que sua página ao vivo em russo para cobertura da invasão foi o site mais visitado em todo o serviço mundial da BBC fora da língua inglesa, com 5,3 milhões de visualizações.

"Muitas vezes se diz que a verdade é a primeira vítima da guerra. Em um conflito em que a desinformação e a propaganda são abundantes, há uma clara necessidade de notícias factuais e independentes nas quais as pessoas possam confiar", disse o diretor-geral da BBC, Tim Davie, em comunicado na quinta-feira. "Continuaremos dando ao povo russo acesso à verdade, da maneira que pudermos."

Peter Limbourg, diretor geral da Deutsche Welle da Alemanha, emitiu uma carta pública nesta sexta-feira para o público russo. "A situação do jornalismo livre no país de vocês se torna mais difícil a cada dia", disse ele. "A programação russa da DW tem uma longa tradição. Sempre procuramos retratar uma imagem completa da Rússia". Limbourg chamou as pessoas na Rússia a "usar ferramentas de desvio de bloqueio de internet para acessar os canais".

A União Europeia baniu esta semana os meios de comunicação estatais russos RT e Sputnik. O YouTube, TikTok e a empresa-mãe do Facebook, Meta, também bloquearam o acesso ao conteúdo RT em suas plataformas na Europa. A produtora por trás da RT America disse nesta semana que também fechará a loja e demitirá funcionários, sinalizando um possível fim do meio de comunicação financiado pelo Kremlin voltado para o público dos EUA.

Jornal russo apaga conteúdo para evitar sanções

O jornal russo independente Novaya Gazeta, cujo editor-chefe é o mais recente ganhador do Prêmio Nobel da Paz, anunciou nesta sexta-feira a exclusão de algumas de suas publicações sobre a guerra na Ucrânia para evitar sanções do governo russo. "A lei que sanciona 'fake news' sobre as forças armadas russas entrou em vigor (...) e somos obrigados a excluir vários conteúdos. Mas decidimos continuar trabalhando", anunciou o jornal.

Chefiado por Dmitri Muratov, ganhador do Nobel da Paz de 2021, o Novaya Gazeta existe desde 1993 e é visto como "uma importante fonte de informação sobre aspectos censuráveis da sociedade russa que raramente são mencionados por outros meios de comunicação", de acordo com o Comitê Nobel Norueguês. Na quinta-feira, Muratov pediu o cessar-fogo da guerra na Ucrânia e falou em "ameaça real" de guerra nuclear.

* Com informações da EFE, Reuters e Washington Post

Estadão
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