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Rússia e Ucrânia dão sinais de avanço nas negociações

Kiev, no entanto, rejeitou replicar modelo austríaco ou sueco

16 mar 2022 - 08h28
(atualizado às 10h02)
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Prédio destruído por bombardeio russo em Kiev
Prédio destruído por bombardeio russo em Kiev
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Após quase três semanas de guerra, Rússia e Ucrânia deram sinais de avanço nas negociações nesta quarta-feira (16), embora os dois lados reconheçam que ainda estão longe de chegar a um ponto em comum.

Em um novo vídeo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que as conversas com Moscou agora estão "mais realistas" e que "todas as guerras terminam com um acordo". "Com certeza há espaço para compromissos, mas ainda precisamos de tempo para que as decisões sejam no interesse da Ucrânia", acrescentou.

Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que é "possível" chegar a um entendimento para a Ucrânia assumir um "status neutro", ou seja, não fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O modelo é inspirado em Áustria e Suécia, que não integram a aliança militar, mas estão alinhadas com o Ocidente no campo geopolítico.

"Essa é uma opção que está sendo discutida agora e que pode ser considerada um compromisso", salientou o porta-voz do regime de Vladimir Putin. No entanto, Mikhailo Podolyak, assessor de Zelensky, disse em seu canal no Telegram que a "Ucrânia está em guerra direta com a Rússia e que o modelo só pode ser ucraniano", sem copiar outro país.

"O que isso significa? Em primeiro lugar, garantias absolutas de segurança. Isso significa que os signatários das garantias não ficariam de fora no caso de um eventual ataque à Ucrânia, como acontece hoje, mas teriam um papel ativo no conflito e nos abasteceriam com suprimentos imediatos e a necessária quantidade de armas", explicou Podolyak.

Além disso, o assessor destacou que a Ucrânia precisa de "garantias firmes e diretas" de que o espaço aéreo do país será interditado no caso de uma eventual agressão.

Na última terça-feira (15), o próprio Zelensky admitiu publicamente pela primeira vez que a Ucrânia não poderia fazer parte da Otan, uma das exigências de Moscou para interromper a invasão. "É a verdade e isso precisa ser reconhecido", afirmou o presidente na ocasião.

No entanto, a Rússia também cobra a desmilitarização do país vizinho e o reconhecimento da soberania do Donbass e da anexação da Crimeia. Em pronunciamento nesta quarta, o premiê do Reino Unido, Boris Johnson, disse que já falou "claramente" a Putin que a Ucrânia "não entrará na Otan no futuro próximo".

"Mas as decisões sobre o futuro da Ucrânia cabem ao povo ucraniano e ao presidente Zelensky, seu líder eleito, e nós o apoiaremos", acrescentou.

Conflitos

Até o momento, a guerra na Ucrânia já gerou cerca de 3,1 milhões de refugiados, sendo que 1,9 milhão fugiu pela fronteira com a Polônia, principal país de destino dos deslocados.

A Rússia domina importantes territórios no sudeste ucraniano e, na manhã desta quarta, usou navios para bombardear o litoral de Odessa, terceiro município mais populoso do país, com cerca de 1 milhão de habitantes, e lar de seu principal porto. Com o cerco a Mariupol e a queda de Kherson, o desembarque russo em Odessa é tido como iminente.

As Forças Armadas da Ucrânia também denunciaram novos bombardeios contra prédios residenciais em Kiev, Kharkiv e Zaporizhzhia. De acordo com Zelensky, quase 30 mil pessoas foram evacuadas das regiões de Sumy, Kharkiv e Donetsk apenas na última terça-feira, sendo 20 mil em Mariupol, que está cercada pelas tropas da Rússia e por rebeldes do Donbass.

De acordo com a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, a invasão russa já matou pelo menos 103 crianças e deixou mais de 100 feridas. "Os invasores matam pelo menos cinco crianças a cada dia", acrescentou.

Ansa - Brasil
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