Rússia e Ucrânia se reúnem pela 1ª vez para negociações
A expectativa de uma resolução hoje é bastante baixa, mas esse é um primeiro passo para uma tentativa de pacificação
A primeira reunião entre as delegações russa e ucranianas para tentar um acordo de cessar-fogo na guerra começou nesta segunda-feira, 28, em Gomel, em Belarus. A expectativa de uma resolução hoje é bastante baixa, mas esse é um primeiro passo para uma tentativa de pacificação.
O quinto dia do ataque da Rússia contra a Ucrânia foi marcado por menos ataques militares e pela expectativa do primeiro encontro formal entre delegações dos dois países.
"As próximas 24 horas serão cruciais para a Ucrânia", disse o presidente do país, Volodymyr Zelensky, logo no início do dia. O mandatário informou que continua em contato constante com as lideranças ocidentais e que voltou a conversar com o premiê britânico, Boris Johnson, e com o presidente polonês, Andrzej Duda, sobre o atual momento do conflito.
Segundo as autoridades ucranianas, as tropas russas estão "diminuindo o ritmo da ofensiva" com militares que permanecem a cerca de 30 quilômetros do centro da capital Kiev. Alguns ataques pontuais foram registrados próximos à cidade e também em Kharkiv, segundo maior município do país, que está sob ataque mais intenso desde a madrugada de domingo (27).
Mas, os russos pedem que seja reconhecida "sua supremacia aérea" na Ucrânia, algo não feito pelos ucranianos.
Em um segundo pronunciamento, Zelensky fez dois apelos contundentes. O primeiro foi político para a União Europeia. O mandatário quer que seu país tenha uma "adesão imediata" ao bloco, que vem se movimentando intensamente para aplicar duras sanções contra Moscou e para fazer um inédito fornecimento de armas e equipamentos militares a um país em guerra.
Após a fala, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que já sabe que "o governo ucraniano está preparando o pedido oficial para se unir à UE". "Isso quer dizer que a Comissão Europeia deverá tomar um posição oficial e significa que o Conselho também precisará adotar uma posição. Eu acredito que esse será um debate muito rápido", disse em uma rápida entrevista com os jornalistas.
O segundo apelo foi para os soldados russos para que eles deponham armas. "Abandonem os seus equipamentos. Vão embora daqui. Não acreditem em seus comandantes e não acreditem nos seus propagandistas. Salvem-se", disse em um vídeo publicado nas redes sociais.
Kiev afirma que desde o início do ataque ordenado por Vladimir Putin, mais de 4,5 mil soldados russos morreram ou ficaram feridos. Moscou, por seu lado, não dá números de vítimas, mas reconheceu neste domingo pela primeira vez que "há heróis" que morreram ou se feriram na batalha. A guerra de informações também não torna possível a verificação real de quantas pessoas faleceram na batalha.
Os ataques da Rússia contra a Ucrânia começaram no dia 24 e aparentavam tomar rapidamente o controle do país. No entanto, a defesa ucraniana tem sido mais resistente do que o esperado e a nação ainda está sob o comando de Zelensky - que negou um pedido dos Estados Unidos para fugir de Kiev. "Não preciso de carona, preciso de armas", disse ao governo de Washington.
Desde então, os aliados ocidentais vem impondo sanções em todos os setores econômicos e produtivos da Rússia além de fornecer dinheiro e armamentos para a defesa ucraniana. Até o momento, como o conflito se concentra apenas no território ucraniano, nenhuma outra nação se envolveu na guerra.