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Rússia faz maior bombardeio a Kiev em meses em resposta a ataque contra ponte

Autoridades da Ucrânia dizem que oito pessoas morreram e que ao menos 75 mísseis foram usados nos ataques; sirenes de alerta tocaram em várias cidades ucranianas

10 out 2022 - 08h11
(atualizado às 10h29)
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Ataque russo em Zaporizhzhia
Ataque russo em Zaporizhzhia
Foto: Reuters

A Rússia lançou nesta segunda-feira, 10, uma série de ataques aéreos contra cidades por toda a Ucrânia, incluindo áreas distantes das frentes de batalha, como a capital Kiev. Os ataques são os mais amplos desde o início do conflito, dois dias depois de uma explosão derrubar um trecho da ponte estratégica que liga a Península da Crimeia ao território continental russo.

Desde junho, a capital ucraniana não era alvo dos bombardeios que atingem o país em meio à guerra com a Rússia. Somente no primeiro bombardeio, ao menos oito pessoas morreram e outras 24 ficaram feridas, segundo o conselheiro-chefe do Ministério de Assuntos Internos, Rostislav Smirnov.

Ao menos 75 mísseis, segundo o Exército ucraniano, atingiram alvos em centros urbanos como Kiev, Lviv, Ternopil, e Zitomir, no oeste do país, Dnipro e Krementchuk, na região central, e Mikolaiv e Zaporizhia, no sul. A capital registrou ao menos quatro explosões, e ao menos cinco pessoas morreram.

O presidente Vladimir Putin fez aparições televisionadas nesta manhã, mas não comentou os ataques. Analistas militares russos e outras fontes próximas ao Kremlin dizem se tratar de uma retaliação pelo ataque de sábado que destruiu parcialmente a ponte do Estreito de Kerch, que liga a Rússia à Península da Crimeia e é um importante ativo logístico das forças russas na guerra.

Imagens mostram ataque a ponte durante conflito Rússia/Ucrânia
Imagens mostram ataque a ponte durante conflito Rússia/Ucrânia
Foto: Reuters

A ponte, uma gigantesca obra que Putin inaugurou em 2018 como uma das principais de seu governo, era usada para levar suprimentos da Rússia para a Crimeia, anexada por Putin em 2014, e de lá para o sul da Ucrânia, onde tropas ucranianas realizam uma ofensiva para retomar a província de Kherson.

O presidente russo classificou o episódio de "ataque terrorista contra infraestrutura civil crítica", e acusou os serviços secretos da Ucrânia de serem responsáveis pela explosão.

Pior ataque em Kiev desde junho

O número total de vítimas ainda não é conhecido, já que outras explosões foram sentidas na sequência, informou a porta-voz do Serviço de Emergência da Ucrânia, Svitlana Vodolaga. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, relatou estrondos no distrito de Shevchenko, uma grande área que abriga o centro histórico e vários escritórios do governo.

Os militares ucranianos relataram que 75 mísseis foram usados nos ataques. "Pela manhã, o agressor lançou 75 mísseis. 41 deles foram derrubados por nossa defesa aérea", disse o chefe do Exército ucraniano, general Valeri Zaluzhni. Eles acusam os russos de usarem drones fabricados no Irã, os chamados "drones kamikaze". Há ainda o relato de que um prédio ligado à infraestrutura energética da Ucrânia foi danificado em um dos bombardeios.

Após a série de ataques, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, pediu à população que não saia dos abrigos. "O alarme antiaéreo não para em toda a Ucrânia. Há ataques de mísseis. Infelizmente, há mortos e feridos. Peço a vocês: não saiam dos abrigos. Cuidem de vocês e de seus entes queridos. Vamos aguentar e ser fortes", escreveu.

Zelenski ainda lembrou que este é o 229º dia daquilo que ele chamou de "guerra em grande escala". "No dia 229 eles tentam nos destruir e nos varrer da face da terra. Completamente. Destruir nosso povo que está dormindo em casa em Zaporizhia. Matar pessoas que estão a caminho do trabalho em Dnipro e Kiev", acrescentou. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o cenário de destruição após os bombardeios.

Essa é a primeira vez que a capital ucraniana é bombardeada desde junho passado. Na época, um dos mísseis atingiu um prédio de apartamentos, matando uma pessoa e ferindo seis. Mas, ao contrário dos ataques anteriores que acertaram principalmente os arredores de Kiev, a investida desta segunda-feira teve como alvo vários locais no centro da cidade.

O novo bombardeio ocorre no mesmo dia em que outras cidades também sofreram ataques aéreos. Também nesta segunda-feira, Zaporizhzia foi abalada pelo terceiro bombardeio em cinco dias. Os meios de comunicação ucranianos também relatam explosões em outros locais, incluindo a cidade ocidental de Lviv, que tem sido um refúgio para muitas pessoas que tentam escapar dos combates no leste, além de Dnipro, Ternopil, Khmelnytskyi, Zhytomyr e Kropyvnytskyi.

As ofensivas desta segunda-feira ocorreram poucas horas antes do presidente russo, Vladimir Putin, se reunir com o conselho de segurança, em encontro agendado para hoje. Os novos ataques surgem como reflexo da explosão que danificou a única ponte que liga a Rússia à Península da Crimeia, no sábado passado. A estrutura é um importante ativo logístico do Kremlin, usado para levar suprimentos militares russos para a região anexada.

Vladimir Putin acusou os serviços secretos ucranianos de planejarem a explosão, à qual ele chamou de "ato terrorista". Logo depois de sucessivas derrotas, Putin decidiu trocar o comando de suas tropas militares, repassando-o para o general Sergei Surovikin, que é conhecido pela fama de impiedoso e pela brutalidade de suas operações militares.

* Com informações da EFE, AP e AFP

Estadão
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