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Rússia finaliza exercícios na Crimeia; Ocidente mantém cautela

É 2º anúncio de retirada de tropas nas áreas perto da fronteira

16 fev 2022 - 08h22
(atualizado às 08h49)
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A Rússia anunciou nesta quarta-feira (16) o fim dos exercícios militares na Crimeia, área que pertencia à Ucrânia e foi anexada por Moscou em 2014, e a volta dos soldados e dos equipamentos militares para as bases de origem.

Tanques militares começaram a ser retirados da Crimeia
Tanques militares começaram a ser retirados da Crimeia
Foto: EPA / Ansa - Brasil

"As unidades do distrito militar do sul finalizaram seus exercícios táticos nas bases da península da Crimeia, retornando a suas bases permanentes", diz o comunicado do Ministério da Defesa repercutido pelas agências de notícias estatais.

É o segundo anúncio do tipo em menos de 48 horas. Na terça-feira (15), Moscou divulgou a retirada de parte das tropas mobilizadas "nos distritos meridionais e ocidentais" e o embarque dos equipamentos militares pesados em trens. Todas essas localidades ficam próximas às fronteiras ucranianas.

No entanto, assim como ocorreu na terça, os países ocidentais - que acusam a Rússia de planejar uma invasão na Ucrânia "a qualquer momento" - continuam a duvidar da retirada. Os governos afirmam que os soldados estão realmente voltando, mas está sendo deixada pronta uma infraestrutura para um ataque rápido na região.

Estima-se, com base em informações ucranianas e norte-americanas, que cerca de 140 mil soldados russos estão nas bases próximas às fronteiras, em número que foi aumentando desde dezembro. O Kremlin afirma, porém, que eles estão ali apenas para exercícios militares.

Em outra frente, o governo de Belarus afirmou que os cerca de 30 mil soldados russos que estão fazendo exercícios conjuntos em seu território deixarão a área fronteiriça assim que chegarem ao fim os treinamentos.

Além disso, até o momento, não se confirmou que a invasão dos russos aconteceria nesta quarta-feira, como anunciaram a Ucrânia e os EUA. Para Moscou, esses alertas não passam de "histeria e alarmismo" dos ocidentais.

UE 

Nesta quarta-feira, diversos líderes da União Europeia voltaram a se manifestar sobre a crise ucraniana e reiteraram que a Rússia sofrerá "sanções severas" em caso de invasão.

"Atingiremos os interesses estratégicos diferenciando a nossa economia. Nós somos líderes mundiais em componentes de alta tecnologia da qual a Rússia depende completamente de nós. As nossas sanções podem e devem deixar um sinal e o Kremlin sabe disso", ressaltou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A líder do Executivo reafirmou que a "reação da Europa será robusta e forte e a Comissão trabalhou em um pacote robusto de sanções, que irão muito além do congelamento de bens e as proibições de viagens para alguns".

Von der Leyen disse ainda que o bloco europeu já se mobilizou para obter gás natural de outras fontes e, se os russos cortarem o fornecimento em caso de guerra, a UE estará pronta.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também seguiu a mesma linha em seu discurso ao Parlamento e pontuou que o órgão "fixou um quadro político claro se houver uma agressão da Rússia e a resposta será severa, com consequências maciças".

"Em 2014, a Ucrânia escolheu o estado de direito da democracia liberal. A UE apoiou essa escolha e a UE nunca abandonará o povo ucraniano", acrescentou Michel.

Já o alto comissário europeu para a Política Externa, Josep Borrell, acusou Moscou de "tentar dividir" a União Europeia, mas não conseguiu.

"A Rússia buscou ignorar a existência da UE mandando uma mensagem que acredita que a UE não é um interlocutor importante para a segurança da Europa. Para dividir a frente europeia, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, enviou uma carta para cada um dos 27 Estados-membros, esperando receber 27 respostas diferentes. Mas recebeu uma só, em nome de todos", pontuou aos parlamentares.

Borrell ainda rebateu que o bloco tenha sido "ausente" nas negociações, que foram lideradas inicialmente pelos EUA. "Mas, são críticas injustas perante todas as iniciativas de diálogo levadas adiante pelos Estados-membros em plena coordenação e em plena transparência com o resto da UE", acrescentou.

Em dezembro, quando a crise dava os primeiros sinais de piora, Moscou apenas quis se reunir com os norte-americanos, mas Washington se comprometeu a passar todas as informações para o bloco europeu e também para o Reino Unido.

No fim de janeiro, os russos acabaram abrindo para os europeus, que foram - e estão sendo recebidos - em diversas reuniões e telefonemas bilaterais. .

Ansa - Brasil
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