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Rússia inicia votação de anexação em áreas ocupadas da Ucrânia; Ocidente condena "farsa"

23 set 2022 - 08h35
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A Rússia iniciou referendos nesta sexta-feira com o objetivo de anexar quatro regiões ocupadas da Ucrânia, aumentando as apostas da guerra de sete meses no que Kiev chamou de farsa ilegal, com moradores ameaçados de punição se não votarem.

As votações sobre se as regiões devem se tornar parte da Rússia começaram depois que a Ucrânia, no início deste mês, recapturou grandes áreas do território do nordeste em uma contraofensiva. A guerra da Rússia já matou dezenas de milhares de pessoas, desabrigou milhões e devastou a economia global.

Com o presidente russo, Vladimir Putin, também anunciando esta semana um recrutamento militar para que 300.000 soldados lutem na Ucrânia, o Kremlin parece estar tentando recuperar a vantagem no conflito.

E ao incorporar as quatro áreas à Rússia, Moscou poderia retratar os ataques para retomá-las como um ataque à própria Rússia, um alerta para Kiev e apoiadores ocidentais.

Putin disse na quarta-feira que a Rússia "usará todos os meios à nossa disposição" para se proteger, uma alusão às armas nucleares.

Os referendos foram discutidos durante meses pelas autoridades instaladas por Moscou nas quatro regiões - no leste e sudeste da Ucrânia -, mas as recentes vitórias de Kiev no campo de batalha levaram a uma ação para agendá-los.

A votação nas províncias de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, que representam cerca de 15% do território ucraniano, deve ocorrer de sexta a terça-feira.

Serhiy Gaidai, governador da região de Luhansk, na Ucrânia, disse que na cidade de Starobilsk, as autoridades russas proibiram a população de deixar a cidade até terça-feira e grupos armados foram enviados para revistar casas e coagir as pessoas a sair para participar do referendo.

"Hoje, a melhor coisa para o povo de Kherson seria não abrir suas portas", disse Yuriy Sobolevsky, o primeiro vice-presidente ucraniano deslocado do conselho regional de Kherson, no aplicativo de mensagens Telegram.

Os referendos foram condenados pela Ucrânia, líderes ocidentais e as Nações Unidas como um precursor ilegítimo e coreografado da anexação ilegal. Não haverá observadores independentes e grande parte da população pré-guerra fugiu.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que monitora eleições, disse que os resultados não teriam relevância legal, pois não estão em conformidade com a lei ucraniana ou os padrões internacionais e as áreas não são seguras.

Gaidai disse que na cidade de Bilovodsk, controlada pelos russos, um diretor de empresa disse aos funcionários que o voto era obrigatório e que qualquer pessoa que se recusasse a participar seria demitida e seus nomes divulgados aos serviços de segurança.

A Rússia sustenta que os referendos oferecem uma oportunidade para as pessoas da região expressarem sua opinião.

A Ucrânia diz que nunca aceitará o controle russo de qualquer território e lutará até que o último soldado russo seja expulso.

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