Rússia intensifica campanha legal contra historiador que expôs crimes de Stalin
Um historiador russo cuja exposição dos crimes do líder soviético Josef Stalin revoltou as autoridades foi acusado nesta quinta-feira por investigadores federais de agredir sexualmente sua filha adotiva mesmo depois de ter sido inocentado de acusações semelhantes em abril.
A nova denúncia foi feita enquanto a Rússia sedia a Copa do Mundo, um evento que políticos de oposição acusam estar sendo usado pelas autoridades para tentar ocultar notícias ruins em um momento no qual a Human Rights Watch diz que o país vive sua "pior crise de direitos humanos" desde a era soviética.
Algumas das principais figuras culturais da Rússia disseram que Yuri Dmitriev está sendo perseguido porque seu foco nos crimes de Stalin se choca com a narrativa do Kremlin, segundo o qual a Rússia não deve se envergonhar de seu passado.
Seu verdadeiro crime, dizem, é estar se dedicando a documentar o Grande Terror de Stalin de 1937-38, durante o qual quase 700 mil pessoas foram executadas, de acordo com estimativas oficiais conservadoras. Dmitriev, de 62 anos, encontrou uma vala coletiva de até 9 mil corpos que data deste período.
Na quarta-feira uma porta-voz da União Europeia disse que o bloco vê o caso contra Dmitriev, que afirmou já tê-lo obrigado a passar 13 meses sob custódia, como "dúbio" e que espera que Moscou o rejeite.
Nesta quinta-feira investigadores apresentaram novas acusações contra ele. Segundo a agência de notícias Interfax, o advogado de Dmitriev, Viktor Anufriev, disse que um tribunal de Petrozavodsk, cidade do noroeste russo, ordenou que Dmitriev fique detido por dois meses.