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Rússia lança maior ataque aéreo desde o início da guerra na Ucrânia

Os mísseis atingiram cruzamentos movimentados, parques e locais turísticos na capital Kiev

10 out 2022 - 20h32
(atualizado às 21h11)
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Ataque militar russo no centro de Kiev, na Ucrânia
Ataque militar russo no centro de Kiev, na Ucrânia
Foto: Gleb Garanich

A Rússia lançou mísseis de cruzeiro em cidades ucranianas movimentadas nesta segunda-feira, 10, no que os Estados Unidos chamaram de "ataques horríveis", matando civis e cortando energia e aquecimento da população com os ataques aéreos mais generalizados desde o início da guerra.

Os mísseis atingiram cruzamentos movimentados, parques e locais turísticos na capital Kiev e explosões foram relatadas em Lviv, Ternopil e Zhytomyr, no oeste da Ucrânia, Dnipro e Kremenchuk na região central, Zaporizhzhia no sul, e Kharkiv no leste.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que pelo menos 12 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, e suspenderam as exportações de eletricidade para a Europa enquanto tentam acabar com os apagões em todo o país.

Zelenskiy conversou com o presidente dos EUA, Joe Biden, e escreveu no Telegram depois que a defesa aérea é "a prioridade de número um na nossa cooperação".

"Faremos de tudo para fortalecer nossas Forças Armadas", disse ele em um pronunciamento durante a noite. "Tornaremos o campo de batalha mais doloroso para o inimigo".

Biden disse a Zelenskiy que os EUA irão providenciar sistemas avançados de defesa aérea. O Pentágono anunciou no dia 27 de setembro que irá começar a oferecer o Sistema Avançado Nacional de Mísseis de Superfície ao Ar ao longo dos próximos dois meses.

Milhares de moradores correram para abrigos antiaéreos enquanto as sirenes de ataque soavam ao longo do dia. A enxurrada de dezenas de mísseis de cruzeiro disparados do ar, terra e mar foi a maior onda de ataques aéreos a atingir alvos distantes da linha de frente, pelo menos desde as rajadas iniciais no primeiro dia da guerra, em 24 de fevereiro.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que ordenou ataques de longo alcance após um ataque à ponte que liga a Rússia à península anexada da Crimeia no fim de semana, e ameaçou mais ataques no futuro se a Ucrânia atingir o território russo.

"Deixar esses atos sem resposta é simplesmente impossível", disse ele, alegando outros ataques não especificados à infraestrutura de energia russa.

A inteligência militar ucraniana disse que os ataques russos foram ordenados no início de outubro. "Os objetos de infraestrutura civil crítica e as áreas centrais de cidades ucranianas densamente povoadas foram identificados como alvos", afirmou.

Zelenskiy disse que os ataques, que aconteceram na hora do rush de segunda-feira, foram deliberadamente programados para matar pessoas e derrubar a rede elétrica da Ucrânia. Seu primeiro-ministro disse que 11 grandes alvos de infraestrutura foram atingidas em oito regiões, deixando partes do país sem eletricidade, água ou aquecimento.

"Eles estão tentando nos destruir e nos varrer da face da terra", disse Zelenskiy.

O corpo de um homem de jeans jazia em uma rua em um importante cruzamento de Kiev, cercado por carros em chamas. Em um parque, um soldado cortou as roupas de uma mulher que estava deitada na grama para tentar tratar seus ferimentos. Duas outras mulheres estavam sangrando nas proximidades.

"Esses ataques mataram e feriram civis e destruíram alvos sem propósito militar. Eles mais uma vez demonstram a total brutalidade da guerra ilegal de Putin contra o povo ucraniano", disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em comunicado.

O Kremlin foi humilhado há dois dias quando uma explosão danificou a ponte que construiu depois de tomar a Crimeia em 2014. A Ucrânia, que vê a ponte como um alvo militar que sustenta o esforço de guerra da Rússia, comemorou a explosão sem reivindicar responsabilidade.

Com as tropas sofrendo semanas de reveses no campo de batalha, as autoridades russas vêm enfrentando as primeiras críticas públicas sustentadas da guerra em casa, com comentaristas na televisão estatal exigindo medidas cada vez mais duras.

Ben Hodges, ex-comandante das forças do Exército dos EUA na Europa, disse que a escala dos ataques sugere que o plano de escalada da Rússia pode ter sido elaborado antes que a ponte fosse atacada.

Mais rajadas de mísseis atingiram a capital novamente no final da manhã. Pedestres se amontoavam na entrada das estações de metrô e dentro de estacionamentos.

A Alemanha disse que um prédio que abriga seu consulado em Kiev foi atingido no ataque de segunda-feira, mas o local não estava sendo usado desde que a guerra começou em 24 de fevereiro.

A União Europeia condenou os "ataques bárbaros e covardes" de segunda-feira à Ucrânia.

O Ministério da Defesa da Ucrânia disse que a Rússia havia disparado pelo menos 84 ataques aéreos e com mísseis, e que as defesas aéreas da Ucrânia derrubaram 43 mísseis e 13 drones. O Ministério da Defesa da Rússia disse que atingiu todos os alvos pretendidos.

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