Rússia reconhece existência de novos mísseis, mas diz que não violam tratado
A Rússia reconheceu a existência de um sistema de mísseis de cruzeiro que fez com que os Estados Unidos anunciassem a saída do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) de 1987, mas negou que os mísseis violem o pacto, disseram nesta segunda-feira autoridades dos Estados Unidos e diplomatas da Otan.
Duas semanas antes da saída prevista dos EUA do tratado, que mantém mísseis com capacidade nuclear fora da Europa, o embaixador de desarmamento dos EUA em Genebra disse que ainda há tempo para a Rússia destruir o sistema.
Entretanto, após sessão da Conferência sobre o Desarmamento, patrocinada pela ONU, o diplomata russo Alexander Deyneko disse à Reuters: "Nós não iremos ceder a nenhum ultimato, como o de liquidar ou eliminar um míssil que não é abrangido pelas proibições do tratado".
A Rússia havia negado ter desenvolvido o que a inteligência norte-americana chamou de sistema de mísseis de cruzeiro SSC-8/9M729. Entretanto, diplomatas da Otan disseram que Moscou agora reconhece a existência do sistema, mas argumenta que sua faixa está dentro do limite de 500 km estabelecido pelo INF.
Após reunião com autoridades russas em Genebra na semana passada, os Estados Unidos disseram que a oferta de Moscou para salvar o acordo, negociado entre o então presidente norte-americano Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev, não era genuína porque não podia ser verificada.
O impasse abre caminho para o presidente dos EUA, Donald Trump, cumprir sua ameaça de começar a retirar Washington do pacto no dia 2 de fevereiro, potencialmente permitindo que os Estados Unidos desenvolvam seus próprios mísseis de médio alcance.
Os Estados Unidos ainda terão seis meses para completar formalmente sua saída.