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Rússia tem projeto secreto de drones de guerra na China, dizem fontes de inteligência

25 set 2024 - 17h41
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A Rússia estabeleceu um programa de armamento na China para desenvolver e produzir drones de ataque de longa distância para a guerra contra a Ucrânia, disseram duas fontes do setor de inteligência europeu e documentos analisados pela Reuters.

A IEMZ Kupol, subsidiária da empresa estatal russa de armamentos Almaz-Antey, desenvolveu e testou em voo um novo modelo de drone chamado Garpiya-3 (G3) na China, com a ajuda de especialistas locais, mostrou um dos documentos -- um relatório enviado pela Kupol ao Ministério da Defesa russo no início deste ano detalhando o desenvolvimento.

A Kupol informou ao Ministério da Defesa em uma atualização subsequente que foi capaz de produzir drones, incluindo o G3, em larga escala em uma fábrica na China, para que as armas pudessem ser implantadas na "operação militar especial" na Ucrânia, termo que Moscou usa para se referir à guerra.

A Kupol, a Almaz-Antey e o Ministério da Defesa russo não responderam a pedidos de comentários. O Ministério das Relações Exteriores da China disse à Reuters que não estava ciente de tal projeto, acrescentando que Pequim tem medidas estritas de controle sobre a exportação de drones ou veículos aéreos não tripulados (VANTs).

Fabian Hinz, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, um think tank de Defesa com sede em Londres, disse que a entrega de VANTs da China para a Rússia, se confirmada, seria um desdobramento significativo.

"Se você olhar para o que se sabe que a China entregou até agora, foram principalmente bens de uso dual -- componentes e subcomponentes que poderiam ser usados em sistemas de armas", disse ele à Reuters.

"Mas isso é o que foi relatado até agora. O que realmente não vimos, pelo menos em fontes abertas, são transferências documentadas de sistemas inteiros de armas."

Ainda assim, Samuel Bendett, pesquisador sênior adjunto no

Centro para uma Nova Segurança Americana (CNAS, em inglês), um think tank com sede em Washington, disse que Pequim hesitaria a se expor a sanções internacionais para ajudar a máquina de guerra de Moscou. Para ele, são necessárias mais informações para confirmar se a China está de fato abrigando a produção de drones militares russos.

O Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse estar profundamente preocupado com a reportagem da Reuters sobre o programa de drones, que, segundo ele, parece ser um exemplo de uma empresa chinesa fornecendo assistência letal a uma empresa russa sancionada pelos EUA.

A Casa Branca não detectou algo que sugira que o governo chinês esteja ciente das transações envolvidas, mas afirmou que a China tem a responsabilidade de garantir que suas empresas não forneçam ajuda letal à Rússia para uso de suas forças militares, acrescentou um porta-voz.

O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido pediu que a China interrompa o apoio diplomático e material ao esforço de guerra da Rússia.

"Estamos extremamente preocupados com os relatos de que a Rússia está produzindo drones militares na China", disse um porta-voz. 

Pequim negou repetidamente que a China ou empresas chinesas tenham fornecido armas à Rússia para uso na Ucrânia, afirmando que o país permanece neutro.

Em resposta a perguntas para esta reportagem, o Ministério das Relações Exteriores chinês disse à Reuters que a posição da China contrasta com a de outras nações, que mantêm "dois pesos e duas medidas nas vendas de armas" e que, segundo ele, "acrescentaram combustível às chamas da crise ucraniana".

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