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SAIBA MAIS-Quantos palestinos foram mortos pela ofensiva de Israel em Gaza?

24 mar 2025 - 14h36
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As autoridades de saúde palestinas afirmam que a campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza, retomada na semana passada, matou mais de 50 mil pessoas, sendo que quase um terço dos mortos tem menos de 18 anos.

Depois de um cessar-fogo caracterizado por dois meses de relativa calma na guerra de 18 meses, Israel retomou uma campanha aérea e terrestre total contra o Hamas na última terça-feira. Autoridades de saúde palestinas afirmam que quase 700 pessoas foram mortas desde então.

A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas atravessaram a fronteira e invadiram comunidades israelenses. Israel diz que os militantes mataram mais de 1.200 pessoas, a maioria civis, e levaram cerca de 250 pessoas para o cativeiro em Gaza.

Uma nova lista divulgada pelo Ministério da Saúde da palestino, que inclui os nomes, a idade e o sexo dos mortos até 22 de março, inclui 50.021 pessoas, desde um bebê recém-nascido até uma pessoa de 110 anos. Desses, 15.613, ou 31%, eram menores de 18 anos.

O número oficial de mortes do Ministério da Saúde palestino supera o número de mortos em confrontos anteriores entre israelenses e palestinos em Gaza desde 2005, de acordo com dados da organização israelense de direitos humanos B'Tselem.

Este texto examina como o número de mortos palestinos é calculado, quão confiável ele é, a divisão entre civis e combatentes mortos e o que cada lado diz.

COMO AS AUTORIDADES DE SAÚDE DE GAZA CALCULAM O NÚMERO DE MORTOS?

Nos primeiros meses da guerra, o número de mortos era calculado inteiramente com base na contagem dos corpos que chegavam aos hospitais e os dados incluíam nomes e números de identidade da maioria dos mortos.

À medida que o conflito se prolongou e menos hospitais e necrotérios continuaram a funcionar, as autoridades também adotaram outros métodos.

A partir do início de maio de 2024, o ministério atualizou sua divisão de fatalidades para incluir corpos não identificados, que representavam quase um terço do número total de mortos. Desde então, as autoridades de saúde têm trabalhado para identificá-los e nenhum deles está agora listado no número de mortos.

Zaher Al-Waheidi, diretor da Unidade de Informações do Ministério da Saúde de Gaza, atribuiu o progresso na identificação de corpos à restauração de um banco de dados central do Hospital Shifa e a um sistema que permite que as famílias forneçam informações sobre as vítimas, que são então verificadas por médicos e policiais.

Nos dois meses de relativa calma durante o cessar-fogo que começou em janeiro de 2025, o trabalho se acelerou, disse ele.

Uma análise da Reuters de uma lista anterior do Ministério da Saúde de Gaza com os mortos mostrou que mais de 1.200 famílias foram completamente eliminadas, incluindo uma família inteira de 14 pessoas.

O NÚMERO DE MORTOS EM GAZA É ABRANGENTE?

Os números não refletem necessariamente todas as vítimas, pois muitas ainda estão sob os escombros, segundo o Ministério da Saúde palestino. Ele estima que cerca de 10.000 corpos não foram contados dessa forma, sendo que apenas algumas dezenas deles foram recuperados desde o cessar-fogo.

As contagens oficiais palestinas de mortes diretas na guerra de Gaza provavelmente subestimaram o número de vítimas em cerca de 40% nos primeiros nove meses da guerra, à medida que a infraestrutura de saúde de Gaza se desintegrava, de acordo com um estudo revisado por pares publicado na revista The Lancet em janeiro.

O escritório de direitos humanos da ONU também afirma que os números das autoridades palestinas provavelmente são subestimados. Em guerras anteriores em Gaza, a contagem da ONU às vezes excedeu a contagem palestina.

As mortes verificadas até o momento mostram que quase 70% eram mulheres e menores.

QUAL É A CREDIBILIDADE DO NÚMERO DE MORTOS EM GAZA?

Gaza antes da guerra tinha estatísticas populacionais robustas e sistemas de informação de saúde melhores do que a maioria dos países do Oriente Médio, disseram especialistas em saúde pública à Reuters.

Um estudo de fontes abertas realizado pela organização sem fins lucrativos Airwars, sediada no Reino Unido, encontrou uma correlação de pelo menos 75% entre suas listas e as das autoridades de Gaza para milhares de mortos no início da guerra.

A ONU frequentemente cita os números de mortes do ministério e a Organização Mundial da Saúde expressou total confiança neles.

O HAMAS CONTROLA OS NÚMEROS?

Embora o Hamas administre Gaza desde 2007, o Ministério da Saúde do enclave também responde ao ministério geral da Autoridade Palestina em Ramallah, na Cisjordânia.

O governo do Hamas em Gaza paga os salários de todos os funcionários contratados em departamentos públicos desde 2007, inclusive no Ministério da Saúde. A Autoridade Palestina ainda paga os salários dos que foram contratados antes disso.

O QUE ISRAEL DIZ?

As autoridades israelenses disseram que os números são suspeitos devido ao controle do Hamas sobre o governo em Gaza. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oren Mamorstein, disse que os números foram manipulados e "não refletem a realidade no terreno".

No entanto, os militares de Israel também aceitaram, em briefings, que os números gerais de vítimas em Gaza são confiáveis no geral.

Os militares israelenses afirmam que 407 de seus soldados foram mortos em combate desde o início da operação terrestre em Gaza, em 27 de outubro de 2023.

Os militares israelenses afirmam que se esforçam ao máximo para evitar vítimas civis. Dizem que o Hamas usa os civis de Gaza como escudos humanos, operando em áreas densamente povoadas, zonas humanitárias, escolas e hospitais, o que o Hamas nega.

QUANTOS DOS MORTOS SÃO COMBATENTES?

Os números do Ministério da Saúde palestino não diferenciam os civis dos combatentes do Hamas, que não usam uniformes formais nem portam identificação separada.

Israel estima periodicamente o número de combatentes do Hamas mortos. Avaliações recentes estimam em 20.000 o número de militantes palestinos mortos. Israel diz que cerca de um civil foi morto para cada combatente, uma proporção que atribui ao Hamas por usar instalações civis.

As autoridades israelenses dizem que essas estimativas são obtidas por meio de uma combinação de contagem de corpos no campo de batalha, interceptações de comunicações do Hamas e avaliações de inteligência do pessoal em alvos que foram destruídos.

O Hamas disse que as estimativas israelenses de suas perdas são exageradas, sem dizer quantos de seus combatentes foram mortos.

(Compilado por Emma Farge, Nidal al-Mughrabi, Ali Sawafta, James MacKenzie e Angus McDowall)

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