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Sangue de sobreviventes do Ebola pode ajudar a desenvolver novos tratamentos para doenças

4 fev 2015 - 10h32
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Depois de tratar com sucesso quatro pacientes do Ebola no ano passado, a Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, agora está liderando um projeto financiado pelo governo norte-americano que vai usar o sangue de sobreviventes do vírus letal para testar uma nova forma de tratamento para doenças infecciosas.

Sobreviente do Ebola Alimamy Kanu posa para fotos em Freetown, Serra Leoa.
Sobreviente do Ebola Alimamy Kanu posa para fotos em Freetown, Serra Leoa.
Foto: Baz Ratner / Reuters

Vacinas tradicionais aumentam a resposta do sistema imunológico a infecções. O novo projeto vai injetar em algumas pessoas material genético, como o DNA ou RNA, na esperança de estimular as células delas a produzir anticorpos específicos capazes de lutar contra o Ebola ou outros agentes patogénicos.

"O corpo da pessoa é a fábrica", disse o médico James Crowe, da Universidade Vanderbilt, um dos colaboradores do projeto. "É uma ideia legal."

Especialistas dizem que o método, se tiver sua segurança e eficácia comprovadas, seria mais rápido e barato do que a produção de um medicamento convencional e poderia ser usado para tratar doenças como a gripe sazonal ou a malária.

Os anticorpos são tipicamente cultivados em grandes tonéis com células de mamíferos ou, em alguns casos, plantas de tabaco, tais como o tratamento experimental ZMapp para o Ebola.

A Agência de Projetos em Pesquisa Avançada de Defesa (Darpa, na sigla em inglês), setor de elite em pesquisa no Pentágono, concedeu à Emory cerca de 10,8 milhões dólares ao longo de três anos para dirigir o projeto.

O estudo irá incluir as equipes de pesquisa dos Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças, o Instituto de Pesquisas Médicas de Doenças Infecciosas, do Exército dos EUA, e vários laboratórios de pesquisa acadêmica, incluindo a Universidade de Wisconsin-Madison, a Universidade Rockefeller e Instituto de Pesquisa Vanderbilt e Scripps.

É difícil obter acesso a amostras de sangue de sobreviventes do atual surto de Ebola na África Ocidental, mas a Emory tem a vantagem de ter tratado um pequeno número de pacientes em solo norte-americano.

Todos os seus quatro ex-pacientes concordaram em participar do programa, disse Rafi Ahmed, diretor do Centro de Vacinas Emory, que está liderando o projeto.

Ahmed e colaboradores pretendem isolar anticorpos produzidos por esses pacientes na reação ao Ebola e, através de uma série de experiências em animais, identificar os mais eficazes para combater uma infecção causada pelo vírus.

A abordagem não está relacionada ao tratamento experimental dos doentes de Ebola nos Estados Unidos, que envolveu transfusões de plasma sanguíneo de sobreviventes do vírus.

Os pesquisadores vão ter duas abordagens. Em uma delas, vão produzir grandes quantidades de anticorpos que combatem o Ebola, as quais poderiam ser injetadas no paciente por via intravenosa, uma estratégia convencional conhecida como imunização passiva.

A proteção garantida por esse método tem vida curta, de cerca de duas a três semanas, e os anticorpos necessitam de refrigeração, o que nem sempre é possível em países que lutam contra um surto de doenças infecciosas.

É por isso que a equipe também está testando um novo método para produzir drogas de proteção baseadas em DNA ou RNA, em vez da tecnologia mais antiga da vacina, que usa vírus mortos ou enfraquecidos para estimular uma resposta imune, um processo que pode levar vários meses para a fabricação.

Inicialmente, a tecnologia estava sendo desenvolvida na esperança de proteger os soldados da gripe sazonal ou germes que causam a diarreia no campo de batalha, mas o surto de Ebola foi uma oportunidade para acelerar a pesquisa.

Os testes em pessoas poderiam começar dentro de dois anos, com o objetivo de ter uma arma mais eficaz contra o próximo surto de Ebola.

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