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"Se meu povo pedir, volto para pacificar Bolívia", diz Evo

Ex-presidente permanece asilado no México; número de mortos subiu para sete e incerteza política permanece

13 nov 2019 - 18h56
(atualizado às 18h56)
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Foto: Carlos Jasso / Reuters

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quarta-feira, 13, no México, onde está asilado, que voltaria para "pacificar" seu país se os bolivianos pedissem, após semanas de protestos violentos que levaram à sua demissão.

Morales falou com a imprensa pela primeira vez no exílio, e reiterou que sua demissão visou a conter a violência que sacudiu a Bolívia.

"Se meu povo pedir, estamos dispostos a voltar para apaziguar, mas é importante o diálogo nacional", disse Morales, acrescentando: "Vamos voltar cedo ou tarde. Quanto antes melhor para pacificar a Bolívia".

Ele reiterou seu chamado a um diálogo nacional, no qual poderiam participar "países amigos", em uma espécie de mediação entre as forças políticas.

"É importante o diálogo nacional. Sem diálogo nacional, estou vendo que vai ser difícil deter este confronto", acrescentou. Ele lançou um apelo à Polícia e às Forças Armadas, que o pressionaram para que apresentasse sua renúncia, a não "usar tiros contra o povo".

Até a terça-feira, eram sete os mortos na Bolívia em 23 dias de protestos, nas cidades de La Paz, Santa Cruz e Cochabamba, após as polêmicas eleições em que Morales foi reeleito para o quarto mandato consecutivo, pleito que foi tachado de fraudulento pela oposição e que uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) qualificou como repleto de "irregularidades".

Questionado se o governo americano poderia estar por trás do que ele e os países que o apoiam destacam como um golpe de Estado, respondeu que não tem informação.

"Mas sim, imaginarmos que certamente (os Estados Unidos) são os que aportam conceitos e estratégias", ressaltou. "A OEA tomou uma decisão política, não técnica ou legal. A OEA está a serviço do império norte americano".

Sobre a proclamação de Jeanine Áñez como presidente interina, Morales disse que é a confirmação do "golpe" contra ele e que foi um ato fora da legalidade, pois não foi celebrada a sessão em que o Legislativo aceita sua renúncia, como prevê a Constituição.

Morales chegou na terça-feira ao México na qualidade de asilado político em um avião militar mexicano. Nesta tarde, ele foi declarado hóspede honorário pela prefeitura da Cidade do México.

Tensão política

Em La Paz, Áñez enfrenta o desafio dos deputados do Movimento Ao Socialismo (MAS), partido de Evo, que estão em maioria na Câmara e ameaçam convocar uma sessão para anular sua proclamação como presidente. Ela reforçou nesta quarta a intenção de convocar novas eleições o quanto antes.

Milhares de manifestantes apoiadores de Evo marcharam nesta quarta em La Paz, vindos da região de El Alto, carregando as bandeiras da Bolívia e de grupos indígenas regionais. A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo no centro da cidade para dispersar as multidões, que seguem com as manifestações.

O maior sindicato da Bolívia ameaçou entrar em greve geral, caso a classe política não consiga retomar a estabilidade no país, enquanto uma organização de fazendeiros de coca e um deputado próximo a Evo pediram mais protestos até que Evo retornasse à Bolívia para terminar seu mandato, em janeiro.

Áñez adentrou o palácio presidencial "Palacio Quemado" nesta quarta, cujo Evo havia parado de utilizar, considerando-o um símbolo de poder descreditado do passado. O ex-presidente foi o primeiro indígena a assumir o país. / AFP e REUTERS

Estadão
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