Símbolo de acolhimento, Lampedusa convida alunos africanos
Cidade relembrou sexto aniversário de naufrágio no Mediterrâneo
O prefeito de Lampedusa e Linosa, Totò Martello, propôs nesta quinta-feira (3) que estudantes de escolas de países do Mediterrâneo visitem a cidade italiana em 2020.
O município fica na ilha de Lampedusa, símbolo da crise migratória no sul da Europa e que relembra nesta quinta o sexto aniversário de um naufrágio que matou 368 pessoas no Mediterrâneo.
"No ano que vem, precisamos que venham a Lampedusa os jovens das escolas de países do Mediterrâneo, porque somente trocando ideias poderemos entender como se vive na Itália, na Europa, na África; somente contaminando a cultura pode haver um mundo de paz", disse Martello durante uma manifestação em memória das vítimas da tragédia de 3 de outubro de 2013.
"Essa não é apenas a porta, mas também é a janela da Europa. A partir da janela, os outros devem olhar aquilo que acontece no Mediterrâneo", acrescentou o prefeito. A marcha pelos seis anos do naufrágio reuniu milhares de pessoas, incluindo 500 estudantes provenientes de escolas italianas e europeias.
No mar, dezenas de barcos de pescadores fizeram um cortejo na área do naufrágio, levando jovens, autoridades e sobreviventes do desastre.
A embarcação superlotada transportava cerca de 500 migrantes, dos quais 368 morreram. O naufrágio é considerado uma das piores tragédias da história do Mediterrâneo e foi o estopim para a criação da operação militar italiana Mare Nostrum, destinada a resgatar barcos de migrantes na região e mais tarde substituída por uma força-tarefa europeia, hoje paralisada.
A maioria dos ocupantes da embarcação afundada era formada por eritreus, somalis e ganeses, que pagaram cerca de US$ 3 mil cada um para os coiotes. Desde aquela tragédia, mais de 15 mil pessoas perderam suas vidas tentando cruzar o Mediterrâneo para chegar à Europa, segundo a ONG Save the Children, transformando o mar na rota migratória mais mortal do planeta.
Também em homenagem às vítimas do naufrágio de 3 de outubro, 29 cidades da União Europeia sediaram uma coleta de assinaturas para que a data se torne o "Dia Europeu da Memória e do Acolhimento".