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Sobreviventes de Auschwitz relembram sofrimento 80 anos após libertação do campo

23 jan 2025 - 10h12
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Quando Teresa Regula chegou a Auschwitz, aos 16 anos de idade, a primeira dor real que sentiu foi a de suas orelhas queimando.

"Eles nos rasparam até a pele nua, e era um dia de calor escaldante, 4 de agosto... Essa foi a primeira dor autêntica que senti", disse a sobrevivente judia, hoje com 96 anos, falando de sua casa em Cracóvia antes do 80º aniversário da libertação de Auschwitz pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro.

Suas lembranças iluminam o sofrimento vivido por cerca de 1,3 milhão de pessoas enviadas ao campo de extermínio nazista estabelecido na Polônia ocupada como parte da "Solução Final" de Adolf Hitler para aniquilar os judeus europeus. A maioria dos detentos de Auschwitz morreu lá.

A Gestapo, a polícia secreta de Hitler, tirou Regula e sua mãe de sua casa em Cracóvia em 1944 e as enviou para o campo de Plaszow, onde sua mãe foi executada. Teresa foi então transportada para Auschwitz e recebeu o número 22011.

Antes uma criança saudável, ela contraiu catapora, sarampo e escarlatina no campo.

O que a manteve viva foi o pensamento de que "meu pai, que eu sempre acreditei que poderia fazer qualquer coisa, viria e me tiraria de lá". Mais tarde, ela soube que ele foi morto por engano pelas forças russas quando libertaram o campo de concentração de Gross Rosen, no que era então o leste da Alemanha.

"Quando voltei (do campo), pensei: 'Nunca mais vou ter filhos - nunca mais'. Se eles tivessem que passar nem que fosse por uma fração do que eu passei, eu não queria isso", disse a socióloga aposentada.

Casada, mas sem filhos, Teresa reprimiu por longas décadas todas as lembranças de seu tempo em Auschwitz. "Agora tudo volta a mim", disse ela.

CORPOS EM CHAMAS

Janina Iwanska, uma mulher católica polonesa enviada a Auschwitz quase ao mesmo tempo que Teresa, em 1944, também não teve filhos.

"Não viverei muito mais. Mas quando olho para os jovens e as crianças... qual será o futuro deles? Eu o vejo como sombrio", disse a senhora de 94 anos, citando o "ódio" e as divisões na sociedade moderna e prevendo outra guerra.

Janina, transportada de Varsóvia para Auschwitz em um trem de carga, lembra-se de ter saído para sentir o cheiro de corpos queimados. No campo, ela cuidava das crianças do bloco em que morava, recebendo recompensas como sopa de leite quente.

"As crianças eram tratadas de forma diferente; elas não precisavam trabalhar. Elas só tinham que esperar pacientemente - ou por suas mães ou pelo fim da guerra", disse ela.

Janina não testemunhou a libertação de Auschwitz porque foi retirada dias antes pelos alemães. Ela acabou sendo libertada pelas forças dos Estados Unidos em 2 de maio do campo de concentração para mulheres de Ravensbruck, no norte da Alemanha.

Na segunda-feira, a farmacêutica aposentada retornará a Auschwitz mais uma vez para compartilhar sua história diante de um público que incluirá o rei Charles, do Reino Unido, o presidente da França, Emmanuel Macron, e vários outros chefes de Estado e de governo.

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