Suécia eleva nível de alerta de terrorismo após ameaças islamistas
Profanações do Alcorão em atos anti-Islã aumentam risco de atentados, após grupos radicais prometerem retaliar com violência. Autoridades suecas dizem que diversos ataques já foram impedidos.O governo da Suécia aumentou o nível de alerta de terrorismo nesta quinta-feira (17/08) e relatou ter recentemente evitado uma série de ataques, após provocações como a queima de exemplares do Alcorão gerarem revolta nas comunidades muçulmanas e provocarem ameaças por parte de grupos islamistas.
Ativistas anti-Islã vem realizando nos últimos meses atos públicos que danificaram vários exemplares do livro sagrado do Islamismo na Suécia e na Dinamarca, dois dos países mais liberais do mundo que permitem críticas às religiões com base no direito à liberdade de expressão.
No mundo muçulmano, a profanação do Alcorão é considerada uma grande ofensa. O grupo islamista Al Qaeda prometeu retaliar com violência essas ações ocorridas nos países escandinavos.
A agência de segurança pública sueca Sapo elevou pela primeira vez desde 2016 o nível de alerta de terrorismo para "alto", sendo este o segundo mais elevado do país, que representa um alto nível de ameaça. A medida reflete as preocupações do governo com as ações anti-Islã que tornaram a nação escandinava um alvo prioritário de extremistas islamistas.
"A decisão de elevar o nível de alerta não se deu em razão de um único evento. Sabemos que o Hizbolá, o Al Shabaab e a Al Qaeda instruíram seus apoiadores a realizarem ataques contra a Suécia" afirmou a chefe da Sapo, Charlotte von Essen.
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, afirmou em conferência de imprensa que indivíduos foram presos dentro fora do país por planejarem ataques terroristas, que foram descobertos e frustrados. Ele lembrou o ataque recente à embaixada da Suécia em Bagdá no mês passado e uma tentativa de atentado a uma missão diplomática do país em Beirute, na semana passada.
Suécia não possui leis anti-blasfêmia
"Compreendo que muitos suecos estejam preocupados, mas devemos sair em defesa de nossas vidas e do nosso estilo de vida", afirmou, sem fornecer detalhes sobre os planos de ataque que foram impedidos.
A Suécia não possui leis anti-blasfêmia, o que levou as autoridades a não reprimirem a queima do livro sagrado em protestos em frente ao Parlamento, à embaixada do Irã e a uma mesquita em Estocolmo.
As Forças Armadas suecas também elevaram o nível de alerta em razão de ameaças a suas operações. O Reino Unido e os Estados Unidos alertaram seus cidadãos para evitarem viajar ao país escandinavo.
O ataque terrorista mais grave dos últimos anos em solo sueco ocorreu em 2017. Um imigrante uzbeque que havia jurado fidelidade ao "Estado Islâmico" (EI) atropelou pedestres com um caminhão em uma rua movimentada de Estocolmo, matando cinco pessoas.
A queima do Alcorão gerou condenações em vários países islâmicos. O líder iraniano, o aiatolá Khamenei, exigiu punições graves aos responsáveis e afirmou que a Suécia trava uma batalha contra o mundo muçulmano.
rc (Reuters, AP)