Super-bomba matou 82 membros do EI, diz Afeganistão
A super-bomba lançada ontem (13) pelos Estados Unidos contra o Afeganistão teria abatido 82 militantes do Estado Islâmico (EI), informou o porta-voz do governo afegão. No entanto, o grupo extremista negou nas redes sociais que algum jihadista tenha sido morto pelo explosivo.
Batizado de "mãe de todas as bombas" ("Massive Ordnance Air Blast"), o dispositivo tinha quase 11 toneladas e nunca havia sido usado em uma situação real, apenas em testes militares. Ele foi lançado de um C130 das forças militares norte-americanas contra a província de Nangarhar, onde existe uma rede de túneis usada por terroristas, de acordo com a Casa Branca.
O porta-voz do governo de Nangarhar, Atuallah Khogyani, disse que 82 extremistas do EI morreram na ação. Antes, as autoridades haviam falado em 36. O porta-voz do Exército afegão, Jawid Saleem, afirmou que havia entre 40 e 70 militantes armados do EI dentro dos túneis no momento da explosão, que ocorreu na noite de ontem pelo horário local. Apoiando os EUA, os governos do Afeganistão e da província de Nangarhar disseram que a Moab "era necessária". "Em três operações contra o EI, as forças afegãs não conseguiram destruir aquela base".
Mas a agência independente norte-americana de contraterrorismo SITE, que monitora atividades extremistas nas redes sociais, disse que a super-bomba não matou nenhum jihadista do Estado Islâmico. Foi a própria agência do EI, a Amaq, a anunciar a informação nesta sexta-feira (14) em canais terroristas.
O distrito de Achin, na província de Nangahar, foi o primeiro lugar do Afeganistão a receber militantes do EI logo após a criação de parte do "califado islâmico" de Abu Bakr al-Baghdadi, na região de Khorasan (chamada de "Grande Coração", que compreende o Afeganistão e o Paquistão. Os jihadistas chegaram à zona em janeiro de 2015. Habitado por tribos pashtun, o distrito circundado por montanhas é um reduto de combatentes mujahideen desde a época da ocupação soviética do Afeganistão. Em 2010, as Nações Unidas disseram que Achin era o principal produtor de ópio do oriente afegão devido à presença de 130 vilarejos ativos de cultivo. Mas, neste ano de 2017, a Rede Anticorrupção Afegã (AACN) revelou que o Estado Islâmico se apropriou de áreas de exploração de minério, as quais são formadas por grutas e túneis que passam pelas montanhas de toda a região. Foi contra essa rede de túneis que os EUA lançaram a Moab.
O ex-presidente afegão Hamid Karzai condenou a ação norte-americana e acusou o governo de Donald Trump de "testar armas" no país. "Esta não é uma guerra contra o terrorismo, mas sim, a utilização do nosso país de maneira desumana e brutal como zona de testes de novas e perigosas armas. Cabe a nós, afegãos, parar os EUA", disse em um post no Twitter.
O grupo extremista Talibã, que atua também no Afeganistão, criticou o lançamento da bomba. Em um comunicado assinado por Zabihullah Mujahid, porta-voz da organização no país, disse que é "um ataque cometido por criminais internacionais" e que "de nenhuma maneira há justificativa para um uso deste tipo de arma". Nos últimos vezes, vários talibãs entraram em confronto com jihadistas do Estado Islâmico na região.
Rússia
Vista também como uma tentativa dos EUA de demonstrar força militar contra seus inimigos ideológicos, a Moab, porém, não intimidou os russos. O jornal "RT Russia" usou sua conta no Twitter para dizer a bomba não-nuclear mais potente da atualidade, na verdade, pertence a Moscou. "A 'mãe de todas as bombas' não assusta os russos. Nós temos uma mais potente ainda. E os americanos deveriam ter muito medo do nosso 'pai de todas as bombas'", escreveu. De acordo com o jornal "Moscow Times", o explosivo russo teria 44 toneladas, ou seja, quatro vezes maior que a norte-americana explodida ontem, com 11 toneladas. Ela teria sido projetada em 2007.