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Suspeito de ataque a mercado de Natal alemão é preso sob acusação de homicídio

22 dez 2024 - 13h17
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Um homem suspeito de arremessar um carro contra uma multidão em um mercado natalino na Alemanha, matando cinco pessoas e ferindo centenas, enfrenta várias acusações de homicídio e tentativa de homicídio, disse a polícia neste domingo.

O ataque ocorrido na noite de sexta-feira na cidade de Magdeburg, na região central da Alemanha, chocou o país e aumentou as tensões sobre a questão da imigração.

O suspeito, que está sob custódia, é um psiquiatra de 50 anos da Arábia Saudita com um histórico de retórica anti-islâmica, que vive na Alemanha há quase duas décadas. O motivo do ataque não ficou claro.

Na noite de sábado, foram reportadas brigas e alguns "pequenos distúrbios" em uma manifestação de extrema direita que contou com a presença de cerca de 2.100 pessoas em Magdeburg, segundo a polícia.

Os manifestantes, alguns deles usando balaclavas pretas, seguravam uma grande faixa com a palavra "remigração", um termo popular entre os apoiadores da extrema direita que pedem deportação em massa de imigrantes e pessoas consideradas não etnicamente alemãs.

Outros moradores se reuniram para prestar suas homenagens aos mortos.

Um mar de flores se estendeu em frente à Igreja de São João, em Magdeburg, próxima ao local do crime, que atraiu um fluxo constante de pessoas aos prantos durante o fim de semana.

"Esta é minha segunda vez aqui. Eu estive aqui ontem. Trouxe flores, fiquei muito emocionado e precisava saber hoje quantas flores foram trazidas", disse à Reuters o morador local Ingolf Klinzmann.

Uma placa em homenagem às vítimas trazia em letras grandes a palavra "Por quê?".

Um magistrado ordenou que o suspeito, identificado na mídia alemã como Taleb A., ficasse em prisão preventiva antes do julgamento. O homem está sob acusação de cinco homicídios, múltiplas tentativas de homicídio e múltiplas lesões corporais graves, informou a polícia em comunicado.

A Reuters não conseguiu verificar imediatamente se o suspeito tinha um advogado.

Entre as vítimas havia um menino de nove anos e quatro mulheres de 52, 45, 75 e 67 anos, segundo o comunicado da polícia. Entre os feridos, cerca de 40 tinham ferimentos graves ou críticos.

As autoridades disseram que o suspeito do ataque usou os pontos de saída de emergência para dirigir até o mercado natalino, onde acelerou e se lançou sobre a multidão, atingindo mais de 200 pessoas em um ataque com duração de três minutos. Ele foi preso no local.

As autoridades alemãs não deram o nome do suspeito e a mídia alemã informou seu nome apenas como Taleb A., de acordo com as leis de privacidade locais.

MOTIVO NÃO ESTÁ CLARO

A ministra do Interior, Nancy Faeser, disse em comunicado neste domingo que a investigação criminal não deixaria pedra sobre pedra.

"A tarefa é juntar todas as descobertas e traçar um quadro desse criminoso, que não se encaixa em nenhum molde existente", disse Faeser.

"Esse criminoso agiu de forma incrivelmente cruel e brutal -- como um terrorista islâmico, embora fosse claramente hostil ao Islã", acrescentou.

O suspeito havia criticado fortemente as autoridades alemãs e o Islã no passado. Ele também apareceu em várias entrevistas na mídia nos últimos anos, contando sobre seu trabalho de ajuda a sauditas que deram as costas ao Islã para fugir para a Europa.

Ele expressou apoio na plataforma de mídia social X ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e ao bilionário americano Elon Musk, que apoiou o AfD.

O AfD tem forte apoio na antiga Alemanha Oriental, onde Magdeburg está localizada. As pesquisas de opinião o colocam em segundo lugar antes das eleições nacionais de fevereiro.

Seus membros, incluindo a candidata a chanceler Alice Weidel, planejam um comício em Magdeburg na noite de segunda-feira.

A Arábia Saudita sinalizou diversas vezes para a Alemanha sua preocupação com as publicações nas mídias sociais do suspeito, de acordo com uma fonte saudita e uma fonte de segurança alemã.

Os democratas cristãos, principal partido de oposição da Alemanha, e os democratas livres, que faziam parte do governo de coalizão até seu colapso no mês passado, pediram melhorias no aparato de segurança da Alemanha, incluindo uma melhor coordenação entre as autoridades federais e estaduais.

"O contexto deve ser esclarecido. Mas, acima de tudo, devemos fazer mais para evitar esse tipo de delito, especialmente porque houve avisos e pistas específicas nesse caso que foram ignorados", disse Sahra Wagenknecht, líder do partido esquerdista BSW, ao jornal Welt.

O BSW, um novo partido político com raízes na extrema esquerda, também condenou a imigração sem controle e ganhou um apoio considerável antes da eleição do próximo dia 23 de fevereiro.

O chanceler Olaf Scholz, cujos social-democratas estão atrás nas pesquisas de opinião, participou de uma missa em homenagem às vítimas na catedral de Magdeburg no sábado.

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