Suspeito de ser líder de milícia de Darfur sustenta inocência em julgamento no TPI
HAIA - Um sudanês acusado de ordenar que milhares de milicianos Janjawid pró-governo cometessem atrocidades, incluindo assassinatos e estupros na região sudanesa de Darfur, disse aos juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI) nesta sexta-feira que eles pegaram o homem errado.
No primeiro julgamento do TPI sobre supostas atrocidades em Darfur, promotores afirmaram no início desta semana que Ali Muhammad Ali Abd-Al-Rahman era o líder da milícia Janjawid, conhecido pelo nome de guerra Ali Kushayb, que liderou os combatentes pró-governo no auge do conflito entre 2003 e 2004.
"Eu não sou Ali Kushayb. Não conheço essa pessoa", disse Abd-Al-Rahman aos juízes no final de seu julgamento.
O réu disse que se entregou voluntariamente ao tribunal em 2020 para limpar seu nome, acrescentando que não tinha nada a ver com as acusações contra ele. Os advogados de Abd-Al-Rahman pediram sua absolvição.
Em declaração final, o promotor do TPI, Karim Khan, disse aos juízes que, durante o julgamento, testemunhas de acusação deram "relatos detalhados de assassinatos em massa, tortura, estupro, ataque contra civis, queima e pilhagem de vilarejos inteiros" e provaram seu caso além de qualquer dúvida razoável.
Os argumentos finais marcam o fim do primeiro e único julgamento do TPI sobre crimes no Sudão desde que o caso foi encaminhado pelo Conselho de Segurança da ONU em 2005.
Ainda há mandados de prisão pendentes contra autoridades sudanesas, incluindo um que acusa o ex-presidente Omar al-Bashir de genocídio.