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Talibã assume palácio presidencial após fuga de Ghani

Um hospital na região noticiou no Twitter que "mais de 40 pessoas" ficaram feridas em confrontos

15 ago 2021 - 13h43
(atualizado às 13h51)
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O grupo fundamentalista islâmico Talibã assumiu neste domingo (15) o controle do palácio presidencial em Cabul, após o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, deixar o país.

Os combatentes entraram na capital afegã depois de horas de cerco e após defender uma rendição pacífica do governo nacional.

Segundo dois oficiais do Talibã, citados pela agência Reuters, não haverá mais governo de transição no país e os rebeldes esperam "uma transferência completa de poder para suas mãos".

A opção de um governo de transição havia sido divulgada pelo ministro do Interior, Abdul Sattar Mirzakawal. No entanto, o grupo mudou de ideia para "manter a lei e a ordem" e "evitar o risco de furto e roubo na ausência da polícia e de profissionais de segurança", que fugiram de seus postos, informou o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid.

Na sequência, o presidente do Afeganistão teria deixado o país e partido para o Tajiquistão, conforme publicação da agência local Tolonews, citando fontes oficiais.

O escritório do mandatário deixou claro que não pode dizer nada por razões de segurança. No início do dia, porém, o ministro da Defesa, Bismillah Mohammadi, já havia afirmado que Ghani deu aos líderes políticos autoridade para resolver a crise no país. Em vídeo publicado em suas redes sociais, o ex-vice-presidente afegão Abdullah Abdullah disse que Ghani "abandonou a nação".

As autoridades da presidência do Afeganistão e residentes de Cabul já relataram que disparos foram ouvidos em algumas partes da capital.

Helicóptero de transporte militar sobrevoa Cabul, Afeganistão
Helicóptero de transporte militar sobrevoa Cabul, Afeganistão
Foto: Stringer / Reuters

    Um hospital na região noticiou no Twitter que "mais de 40 pessoas" ficaram feridas em confrontos na periferia da capital afegã e estão hospitalizadas. Além disso, centenas de afegãos conseguiram chegar ao cruzamento da Porta da Amizade, na cidade de Chaman, na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão.

Imagens das pessoas carregando apenas uma sacola com seus pertences após fugirem de casa foram divulgadas pela Sky News. Para a Otan, "uma solução política no Afeganistão é "mais urgente do que nunca". Diversos países, incluindo Alemanha, Estados Unidos, Itália e Reino Unido, já anunciaram a retirada dos diplomatas de suas respectivas embaixadas e de seus cidadãos de Cabul.

Em entrevista à CNN, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que não é do interesse do governo de Joe Biden permanecer no Afeganistão após os insurgentes do Talibã entrarem em Cabul.

O americano ainda afirmou que Washington investiu bilhões de dólares nas forças afegãs durante quatro governos e, mesmo com vantagens sobre o Talibã, não conseguiram impedir o avanço do grupo.

Agora a pouco, a Embaixada dos Estados Unidos no Afeganistão chegou a relatar "disparos de arma de fogo" no aeroporto de Cabul, segundo a agência BBC. As autoridades americanas, inclusive, pediram para os compatriotas na área se protegerem, já que "a situação de segurança" na capital afegã "está mudando rapidamente".

A invasão do Talibã em Cabul ocorre 20 anos depois de o grupo ser expulso da capital afegã pelos Estados Unidos, que invadiram o país dias após os ataques de 11 de setembro de 2001, e em meio à retirada dos militares norte-americanos e da Otan do país.

Ansa - Brasil
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