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Talibã ocupa Cabul enquanto presidente do Afeganistão deixa o país

Grupo volta ao poder depois de duas décadas

15 ago 2021 - 13h16
(atualizado às 13h29)
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O presidente afegão Ashraf Ghani deixou o Afeganistão neste domingo após combatentes do Talibã chegarem à capital Cabul, consolidando o retorno do grupo ao poder, duas décadas após ter sido retirado por forças militares lideradas pelos Estados Unidos. 

Diplomatas norte-americanos foram retirados da embaixada de helicóptero após os militantes varrerem o território do país em dias com pouca resistência das forças locais treinadas e equipadas pelos Estados Unidos e outros por bilhões de dólares. 

O Talibã pediu que autoridades governamentais ficassem, mas autoridades disseram que Ghani havia deixado o país. 

Combatentes do Talibã patrulham uma rua em Herat, no Afeganistão
Combatentes do Talibã patrulham uma rua em Herat, no Afeganistão
Foto: Stringer / Reuters

Não ficou claro para onde ele estava indo. Um oficial sênior do Ministério do Interior afirmou que ele foi para o Tadjiquistão, embora uma autoridade do Ministério de Relações Exteriores tenha dito que não se sabia para qual país ele iria. 

Um representante do Talibã disse que o grupo estava verificando o paradeiro de Ghabi. Alguns usuários de redes sociais o chamaram de "covarde" por tê-los deixado no caos. 

Os guerrilheiros do Talibã chegaram a Cabul "por todos os lados", afirmou a autoridade sênior do Ministério do Interior à Reuters, e houve informações sobre disparos de tiros esporádicos em torno da cidade. 

Não foram registrados confrontos significativos e o grupo disse que estava esperando pela rendição pacífica do  governo apoiado pelo Ocidente.

"Os combatentes do Talibã estão de prontidão em todas as entradas de Cabul até que uma transferência pacífica e satisfatória de poder seja acertada", disse o porta-voz Zabihullah Mujahid.

Muitos afegãos temem que o Talibã irá retornar com práticas duras na imposição da Sharia, a lei Islâmica. Durante o domínio do grupo entre 1996 e 2001, as mulheres não eram permitidas a trabalhar e punições como apedrejamento, açoitamento e enforcamento eram praticadas. 

O grupo buscou projetar uma face mais moderada, prometendo respeitar os direitos das mulheres e proteger tanto os estrangeiros como os afegãos. Um outro porta-voz, Suhail Shaheen, disse que o Talibã irá proteger os direitos das mulheres, assim como as liberdades de profissionais da imprensa e diplomatas. 

"Nós garantimos às pessoas, especialmente na cidade de Cabul, que suas propriedades e suas vidas estão em segurança", disse Shaheen à BBC, falando que a transferência de poder era esperada para os próximos dias. 

O ministro do Interior em exercício, Abdul Sattar Mirzakawal, disse que a passagem de poder seria feita a um governo de transição. Não haverá um ataque à cidade, está acordada uma concessão pacífica", publicou ele no Twitter. 

Muitas das ruas de Cabul estão abarrotadas por carros e pessoas tentando chegar em casa ou ao aeroporto, disseram moradores. 

O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que em Washington a embaixada está sendo transferida para o aeroporto e tem uma lista de pessoas a serem colocadas fora de risco. 

Uma autoridade da Otan disse que a aliança está ajudando a assegurar o aeroporto e que a solução política era "agora mais urgente que nunca". 

Mais cedo no domingo, os insurgentes capturaram a cidade de Jalalabad, no leste do país, sem combates, garantindo o controle de uma das principais rodovias do Afeganistão. Eles também tomaram o posto de fronteira de Torkham com o Paquistão, tornando o aeroporto de Cabul a única saída do país que ainda está nas mãos do governo. 

"Permitir a passagem do Talibã foi a única maneira de salvar vidas de civis", afirmou uma autoridade afegã em Jalalabad à Reuters. 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou o destacamento de 5 mil tropas norte-americanas para ajudar a retirar os cidadãos a garantir uma retirada "ordenada e segura" de efetivos militares. 

Biden disse que seu governo havia dito a autoridades do Talibã em negociações no Catar que qualquer ação que colocasse funcionários norte-americanos em risco "terá em troca uma resposta militar rápida e forte dos Estados Unidos". 

O presidente democrata enfrenta críticas domésticas crescentes após se ater a um plano, iniciado pelo seu antecessor Donald Trump, para encerrar a missão dos EUA no Afeganistão até o dia 31 de agosto.

"Uma presença norte-americana interminável no meio do conflito civil de outro país não é aceitável para mim", disse Biden no sábado. 

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