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Talibã proíbe ensino universitário para mulheres no Afeganistão

Medida é mais uma a restringir direitos das mulheres no país

21 dez 2022 - 09h19
(atualizado às 09h28)
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O grupo extremista Talibã, que comanda o Afeganistão desde agosto do ano passado, proibiu que mulheres façam cursos universitários, em mais uma medida para limitar os direitos delas em todo o país.

Em uma carta enviada a todas as instituições de ensino do país, o ministro da Educação, Neda Mohammad Nadim, afirmou que a regra valerá "até nova ordem" e que todos "devem aplicar a ordem de suspensão".

Nadim, que é ex-governador e comandante militar, é um dos expoentes da linha mais rígida que mistura religião com governo e foi nomeado ministro em outubro deste ano. Desde então, afirmava que iria vetar que as mulheres estudassem porque isso é algo "não islâmico e contrário aos valores afegãos".

Desde que reassumiram o poder, após 20 anos de ocupação liderada pelos Estados Unidos, os talibãs já impuseram uma série de proibições para a vida das mulheres, desde a proibição para trabalhar, passando pelo fechamento de escolas de ensino médio e a obrigação de que elas usem a burca ou uma roupa que cubra todo o corpo com exceção dos olhos. Elas ainda só podem ter aulas nos ensinos menores se a professora for mulher ou por um homem idoso "e respeitável".

Há três meses, ou seja, antes de Nadim assumir o cargo, as jovens afegãs tiveram um sopro de esperança ao poder fazer exames de admissão nas universidades, que tinham salas segregadas. As provas puderam ser feitas, mas com limitação aos cursos que elas poderiam escolher: era proibido estudar veterinária, engenharia, economia e agricultura; já o curso de jornalismo estava limitado. No entanto, agora nem isso existe mais.

Para além da violação dos direitos humanos, a proibição para que as mulheres se qualifiquem também tem duros efeitos econômicos para um país já devastado.

Um estudo do Unicef, publicado no fim de agosto para marcar o primeiro ano de governo talibã, mostrou que o Afeganistão perde cerca de US$ 500 milhões por ano por excluir as mulheres do mercado de trabalho. Além disso, a decisão deve fazer com que países ocidentais reimponham sanções mais pesadas contra o governo.

Reações

Nesta quarta-feira (21), um dos porta-vozes das Nações Unidas afirmou que o secretário-geral, António Guterres, está "profundamente preocupado" com a decisão e que o governo "precisa garantir a paridade de acesso à educação em todos os níveis".

"O secretário-geral reafirma que a negação da educação não só viola a igualdade dos direitos das mulheres e das jovens, como tem um impacto devastante sobre o futuro do país", acrescentou Stéphane Dujarric.

O alto representante para Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que o bloco europeu "condena firmemente" a decisão do governo afegão".

"Essa é uma ação única no mundo que viola os direitos e as aspirações das afegãs e priva o Afeganistão da contribuição que as mulheres dão à sociedade. A perseguição de gênero é um crime contra a humanidade", acrescentou Borrell.

Quem também se manifestou condenando a decisão foi o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, em sua coletiva diária com a imprensa.

"Os talibãs devem esperar que essa ação, que vai contra os compromissos assumidos repetida e publicamente nas relações com o próprio povo, levará a custos concretos para eles. Os Estados Unidos não podem ter uma relação normal com os talibãs se eles tomam decisões do tipo", acrescentou Price.

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, declarou que os extremistas "decidiram destruir o futuro do próprio país" proibindo que as mulheres frequentem universidades.

"Destruindo o futuro das jovens e as mulheres no Afeganistão, os talibãs decidiram destruir o futuro do próprio país. Colocarei essa questão na ordem do dia da reunião do G7. O mundo está de olho", pontuou a alemã. .

Ansa - Brasil
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