Talibã revisará grade curricular em universidades no Afeganistão
Temas considerados 'contrários' à lei islâmica serão excluídos
O ministro da Educação do Afeganistão, Abdul Baqi Haqqani, anunciou no fim da noite do domingo (12) que será feita uma revisão extensa da grade curricular dos cursos universitários oferecidos no país e que aulas que sejam "contrárias" à lei islâmica (sharia) serão "excluídas".
O grupo fundamentalista Talibã tem uma interpretação bastante deturpada e rígida da sharia e a aplicam conforme sua vontade.
"O início formal do ano novo acadêmico será em breve, precisamos de uma semana", disse Haqqani.
Apesar de dizer em coletiva que as universidades "terão a responsabilidade de reconstruir o país", a agência local "Tolo News" relatou que as instituições "estão esvaziadas". "Não há professores, nem estudantes. Só pouquíssimos vem e estamos preocupados com nosso futuro", disse um dos alunos entrevistados.
Haqqani também confirmou a informação já divulgada pelos talibãs que mulheres e homens não poderão estudar juntos, como ocorreu nos últimos 20 anos durante a invasão dos Estados Unidos.
"Isso não é um problema porque somos muçulmanos e aceitamos isso. Decidimos separar todos porque as classes mistas são contrárias aos princípios do Afeganistão e nossas tradições", disse em mais uma visão peculiar da sharia.
Na última semana, o Talibã anunciou que as mulheres poderiam estudar - diferentemente do que ocorreu em seu primeiro governo, entre 1996 e 2001 -, mas que deveriam usar um véu islâmico (o niqab) cobrindo o rosto, ter apenas professoras mulheres ou um idoso "com boa reputação" e em turmas separadas.
Muitas universidades dizem que isso pode inviabilizar as aulas para as mulheres, já que não têm estruturas para separar os alunos ou para bancar professoras.
O Talibã em seu primeiro governo suprimiu inúmeros direitos humanos da população, mas afetou diretamente as mulheres, proibindo-as de estudar, trabalhar e até sair de casa sem a companhia de um homem.
No discurso desde que tomou o poder, em 15 de agosto após a queda de Cabul, os representantes afirmaram que não tirariam os direitos delas, mas na prática, as afegãs já sofrem com inúmeras limitações. .