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'Testaremos mísseis semanalmente': lançamento fracassado gera guerra verbal entre Coreia do Norte e EUA

17 abr 2017 - 17h19
(atualizado em 18/4/2017 às 07h39)
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A Coreia do Norte continuará a testar mísseis, apesar da condenação internacional da iniciativa e do aumento das tensões com os Estados Unidos. Foi o que uma autoridade do governo do país asiático disse à BBC na capital Pyongyang.

"Vamos conduzir mais testes de mísseis semanalmente, mensalmente e anualmente", afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores Han Song-Ryol ao correspondente da BBC John Sudworth.

Ele disse ainda que, se os EUA decidirem por ações militares contra o país, uma "guerra total" aconteceria.

Horas antes, o vice-presidente americano Mike Pence declarou que a Coreia do Norte não deveria "testar os EUA".

Pence chegou a Seul, na Coreia do Sul, no domingo, horas depois que o país vizinho tentou, sem sucesso, lançar um míssil balístico.

Ele afirmou que a era de "paciência estratégica" dos Estados Unidos com a Coreia do Norte havia chegado ao fim.

Como a situação chegou até aqui?

A Coreia do Norte acelerou seus testes de mísseis e de armas nucleares nos últimos anos, apesar de sanções dos EUA e de comentários negativos de outras potências.

O objetivo do país parece ser colocar uma ogiva nuclear em um míssil balístico intercontinental, que consiga atingir alvos ao redor do mundo.

Atualmente, acredita-se que a Coreia do Norte tenha mais de mil mísseis de capacidades distintas, incluindo os de longo alcance - que poderiam supostamente alcançar os Estados Unidos.

O programa de armas de Pyongyang teve grandes progressos nas últimas décadas - do foguete tático de artilharia em 1960 e 1970 aos mísseis balísticos de curto e longo alcance nas décadas de 1980 e 1990. E agora, um sistema de maior alcance está sendo pesquisado e desenvolvido.

Mas o presidente americano Donald Trump disse que isso não acontecerá, e aumentou a pressão sobre o país.

Trump enviou um navio porta-aviões e um grupo tático para a peninsula da Coreia, e os EUA e a Coreia do Sul estão posicionando um polêmico sistema de defesa antimísseis em preparação para possíveis hostilidades.

Apesar da tensão, a Coreia do Norte pode realizar um sexto teste nuclear em breve, segundo observadores.

No sábado, o país fez uma parada militar em que demonstrava seu arsenal de mísseis. No domingo, um míssil testado explodiu segundos após seu lançamento.

Governo norte-coreano já conduziu cinco testes de mísseis e armas nucleares que foram condenados pela ONU, e deve realizar sexto
Governo norte-coreano já conduziu cinco testes de mísseis e armas nucleares que foram condenados pela ONU, e deve realizar sexto
Foto: EPA / BBC News Brasil

Os EUA irão atacar a Coreia do Norte?

Em entrevista conjunta com o presidente em exercício da Coreia do Sul, Hwang Kyo-ahn, na segunda-feira, Mike Pence disse que a Coreia do Norte não deveria "testar" Trump.

"Nas últimas duas semanas, o mundo viu a força e a determinação do nosso novo presidente em ações na Síria e no Afeganistão", afirmou.

"A Coreia do Norte não deveria testar sua determinação nem a força militar dos Estados Unidos nesta região."

Pence também reiterou o apoio do país à Coreia do Sul, dizendo ao presidente coreano: "Estamos 100% com vocês".

No último mês de fevereiro, o secretário de Estado americano Rex Tillerson afirmou que uma ação militar preventiva contra o país "é considerada".

No entanto, os EUA também trabalham com a China, o principal aliado da Coreia do Norte, para pressionar o regime a parar com os testes de mísseis e nucleares.

O correspondente da BBC em Seul, Stephen Evans, diz que a estratégia dos EUA no momento parece ser persuadir a China a conter a Coreia do Norte, enquanto mantém a pressão econômica e militar no país.

O que diz a Coreia do Norte?

O vice-ministro das Relações Exteriores Hang Song-Ryol disse à BBC que a Coreia do Norte acredita que suas armas nucleares "protegem" o país da ameaça de uma ação militar americana.

"Se os EUA forem descuidados o suficiente para usar meios militares, daquele dia em diante seria guerra total", afirmou.

Em uma entrevista coletiva na ONU nesta segunda-feira, o representante permanente do país nas Nações Unidas, o embaixador Kim In-ryong, condenou os bombardeios americanos na Síria, que atingiram uma base aérea após um suposto ataque químico realizado pelo governo de Bashar al-Assad.

Ele disse que os EUA estavam "perturbando a paz e a estabilidade mundial e insistindo em uma lógica gângster de que a invasão de um estado soberano é decisiva, justa, proporcional e contribui para defender a ordem internacional".

E outras potências mundiais?

A China reiterou seu pedido para que a Coreia do Norte para com todos os testes e pediu uma solução pacífica para a tensão.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lu Kang, disse à imprensa em Pequim nesta segunda-feira que a península Coreana é "muito sensível, complicada e de alto risco" e que todos os lados deveriam "evitar ações provocativas que joguem óleo no fogo".

No domingo, o tenente-general H.R. McMaster, principal assessor de segurança do governo americano, disse que o país está trabalhando com "uma série de opções" com a China, a primeira confirmação de que os países estão cooperando para encontrar uma solução para a questão.

O ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov afirmou que Moscou não irá tolerar "aventuras de Pyongyang com mísseis", mas que um uso de poder unilateral pelos EUA seria "um caminho muito arriscado".

Já o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse nesta segunda-feira em uma sessão parlamentar que os esforços diplomáticos são "importantes para manter a paz", mas que "o diálogo só pelo diálogo não faz sentido".

Ele afirmou ainda que o Japão precisa pressionar Pyongyang para "responder seriamente a um diálogo" com a comunidade internacional.

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