Tiros marcam últimos momentos da retirada dos EUA do Afeganistão
Saída de militares e civis americanos tinha prazo para 31 de agosto, segundo acordo entre Washington e o grupo fundamentalista islâmico Talebã, agora no poder do país asiático.
Após duas décadas de presença militar no Afeganistão, os Estados Unidos encerraram nesta terça-feira (31/8, no horário do Afeganistão) sua retirada total do país asiático.
De acordo com o general Frank McKenzie, "cada um dos militares americanos em serviço está agora fora do Afeganistão".
O general Chris Donahue se tornou o último militar a deixar o solo afegão, embarcando no avião de carga C-17.
Desde que o grupo fundamentalista islâmico Talebã assumiu o poder do país asiático em meados de agosto, 123 mil civis foram retirados de solo afegão pelos EUA, acrescentou McKenzie. Estas pessoas retiradas eram americanas, afegãs ou de uma terceira nacionalidade.
O Talebã e Washington haviam negociado 31 de agosto como a data final para saída dos americanos.
A retirada dos EUA foi comemorada por membros e aliados do Talebã na capital, Cabul, onde foram ouvidos fortes tiroteios vistas comemorações nas ruas.
A representação diplomática dos EUA na capital também foi encerrada e deverá ser parcialmente substituída por um escritório para assuntos relativos ao Afeganistão em Doha, no Catar.
Os Estados Unidos iniciaram sua ofensiva militar no Afeganistão em outubro de 2001, após os ataques às torres gêmeas em Nova York, planejados e executados pelo Al-Qaeda, grupo extremista também presente no Afeganistão.
Nesta segunda-feira, McKenzie afirmou que os custos destas duas décadas para os EUA foram "altos", com mais de 2,4 mil americanos em missão mortos desde 2001.
Nestes 20 anos, mais de 800 mil militares e 25 mil civis passaram pelo Afeganistão a serviço dos EUA.
Também quatro presidentes americanos lidaram com a guerra.
Foi George W. Bush quem enviou as forças americanas para o Afeganistão em 2001, após os ataques do 11 de setembro em Nova York. Seu sucessor, Barack Obama, lidou com o conflito ao longo de seus dois mandatos, autorizando um forte aumento da presença de militares no país asiático.
Depois, Donald Trump prometeu trazer esses americanos de volta para os EUA e assinou um acordo com o Talebã. Coube a Joe Biden executar essa retirada, que culminou na evacuação em massa a qual assistismos nas últimas duas semanas.