Toda população de Gaza enfrenta crise e risco de fome, diz relatório apoiado pela ONU
A proporção de famílias em Gaza afetadas por elevados níveis de insegurança alimentar aguda é a maior já registrada no mundo
Toda a população de 2,3 milhões de pessoas que vivem em Gaza enfrenta níveis críticos de fome e o risco aumenta a cada dia, afirmou um organismo apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) num relatório publicado nesta quinta-feira.
A proporção de famílias em Gaza afetadas por elevados níveis de insegurança alimentar aguda é a maior já registrada no mundo, de acordo com relatório Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC).
A situação humanitária em Gaza deteriorou-se rapidamente desde que Israel lançou uma grande operação militar em 7 de outubro, com pesados bombardeios que destruíram amplas áreas do enclave costeiro nas semanas seguintes, em resposta a uma incursão do grupo militante palestino Hamas, que governa Gaza, em Israel.
Os caminhões que transportam ajuda do Egito entregaram alguns alimentos, água e medicamentos, mas a ONU afirma que a quantidade de alimentos é apenas 10% do necessário para os habitantes do território, a maioria dos quais deslocados.
"Existe o risco de fome e aumenta a cada dia que a atual situação de intensas hostilidades e acesso humanitário restrito persiste ou piora", disse o IPC.
A distribuição de ajuda em Gaza tem sido dificultada por operações militares, inspeções exigidas por Israel, cortes de comunicações e escassez de combustível.
Alguns habitantes desesperados de Gaza saltaram sobre os caminhões de ajuda na tentativa de obter os escassos fornecimentos de alimentos e outros bens. Houve relatos de moradores comendo carne de burro e de pacientes esqueléticos procurando ajuda médica.
O IPC, produzido por uma parceria que inclui agências da ONU e ONGs, estabelece o padrão global para determinar a gravidade de uma crise alimentar utilizando um conjunto complexo de critérios técnicos.
No Sudão, o IPC estima que a guerra levou cerca de 37% da população para a Fase 3, ou níveis de crise de fome, com 10% da população enfrentando níveis de "emergência" da Fase 4.