Torcidas argentinas e aposentados enfrentam polícia e ao menos 4 pessoas são presas em ato contra Milei
A violência escalou nos arredores do Congresso enquanto deputados avançavam para criar comissão de inquérito sobre o escândalo das criptomoedas
Ao menos quatro pessoas foram presas após a polícia da Argentina entrar em confronto com manifestantes no centro de Buenos Aires nesta quarta-feira, 12. Carros foram queimados e houve pancadaria após torcedores organizados participarem de um ato em conjunto com aposentados contra o governo de Javier Milei.
Os torcedores de pelo menos trinta clubes de futebol, entre outros manifestantes, desafiaram os cordões policiais que tentavam liberar as ruas em frente ao Congresso. Alguns quebraram a calçada em frente ao Congresso e atiraram as pedras contra a polícia, que respondeu com spray de pimenta, bala de borracha e canhões de água. Pelo menos duas pessoas foram detidas.
Os aposentados, que protestam contra as políticas de reajuste de Javier Milei, receberam o apoio de centenas de torcedores, organizações sociais e sindicatos argentinos nesta quarta-feira. Por volta das 17h, os confrontos com a polícia começaram.
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A violência escalou nos arredores do Congresso enquanto deputados discutiam o escândalo da criptomoeda $LIBRA. Na Câmara, Javier Milei sofreu um revés: a oposição conseguiu avançar para criar uma comissão de inquérito sobre o caso. Em votação separada, contudo, os deputados negaram a abertura de um processo de impeachment contra o presidente.
A oposição conseguiu forçar o debate dos comitês da Câmara, que devem se reunir na semana que vem para analisar dez propostas com diferentes medidas para investigar a criptomoeda divulgada por Javier Milei.
Apesar da resistência da base do governo, a convocação dos comitês foi aprovada por um placar de 134 a 94 votos no plenário. Entre as propostas que serão discutidas, há pedidos de relatórios e questionamentos a funcionários do poder Executivo, além da criação de uma comissão de inquérito sobre o envolvimento de Milei e sua irmã Karina, a secretária-geral da presidência, com a $LIBRA.
Impeachment fracassa no Congresso
Os peronistas buscavam ainda abrir os procedimentos para o impeachment de Javier Milei, mas não tiveram sucesso. "A magnitude e a gravidade dos fatos que envolvem o presidente nesse esquema merecem uma resposta da Câmara", declarou Germán Martínez, líder do bloco União Pela Pátria.
A abertura do impeachment foi negada por 128 deputados. Apenas 104 votaram a favor. "Para surpresa de ninguém", criticou a deputada do União Pela Pátria Paula Penacca ao apontar os setores da oposição que votaram contra. "Alguns se indignam nas redes sociais e na imprensa, mas quando se tratar de usar todas as ferramentas que o Congresso tem para avançar com a investigação e determinar as responsabilidades desse grave delito sem precedentes, olham para o lado".
Milei é investigado na Justiça por ter divulgado a criptomoeda $LIBRA, que colapsou horas depois da publicação do presidente argentino, deixando investidores no prejuízo. Em mensagens atribuídas a Hayden Davis, um dos criadores da moeda virtual, ele teria dito que "controlava" o governo e fazia pagamentos a Karine Milei. Assessores do empresário depois negaram a informação publicada em veículos especializados.
Javier Milei, por sua vez, disse que agiu de "boa fé" ao divulgar a $LIBRA e que os investidores sabiam dos riscos, comparando a criptomoeda aos cassinos. O governo abriu um procedimento interno para investigar o caso.
AHORA | Manifestantes prendieron fuego un patrullero https://t.co/uvELrxkESi pic.twitter.com/EicASBCPuu
— TN - Todo Noticias (@todonoticias) March 12, 2025
