Trabalhadores da saúde na África do Sul cancelam folgas após alta em casos de Covid-19
A enfermeira chefe Annamarie Odendaal cancelou as folgas de fim de ano na enfermaria do hospital Arwyp Medical Center em Johanesburgo, uma vez que uma segunda onda do coronavírus ameaça sobrecarregar o sistema de saúde da África do Sul.
"Chamei-os de volta porque estamos em um período de pico agora, então não é fácil para a equipe porque eles também querem encontrar seus familiares", disse ela à Reuters.
Uma confluência de férias escolares, relaxamento nas medidas contra o contágio e uma nova variante potencialmente mais infecciosa do vírus deixou as autoridades do país com dificuldade para conter o ressurgimento de infecções antes do esperado. O país agora testemunha os novos casos diários aumentarem quase sete vezes de um mês para cá, alcançando 14.305 infecções diárias em 24 de dezembro.
Em meio a bipes de monitores e ventiladores, Annamarie Odendaal, que tem 60 anos, disse que a situação piora à medida que os leitos de hospital enchem rapidamente.
Vários países, incluindo a Grã-Bretanha, que encontrou a mutação do vírus em casos ligados à África do Sul, proibiram voos do país, interrompendo os planos de viagens de férias e frustrando as operadoras de turismo.
Os últimos dados mostraram que o número de infecções chegou a 968.563 na quinta-feira. Se o ritmo continuar, a África do Sul ultrapassará a marca de 1 milhão de casos já neste domingo, segundo uma contagem da Reuters. O país registra 25.983 mortes, o número mais alto do continente.
No hospital público Groote Schuur, na Cidade do Cabo, onde o primeiro transplante de coração de humano para humano foi realizado em 1967, a enfermeira intensivista Verna Collins afirmou estar física e emocionalmente esgotada.
"Pensamos que estaríamos no fim desta crise em outubro ou início de novembro, e agora esta nuvem escura está circulando novamente, tão emocionalmente intensa que exige muito da equipe de enfermagem", disse Collins do lado de fora do hospital durante uma breve pausa da unidade de terapia intensiva que atende casos de Covid-19 e atingiu a capacidade máxima.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447753)) REUTERS AAJ