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Tribunal absolve suspeito de mandar matar jornalista eslovaco

Decisão provocou críticas no governo e na União Europeia

3 set 2020 - 12h40
(atualizado às 12h52)
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Um tribunal da Eslováquia condenou um homem pelos homicídios do jornalista Ján Kuciak e de sua namorada, Martina Kusnirova, ocorridos em fevereiro de 2018, mas absolveu o suposto mandante do crime, em julgamento encerrado nesta quinta-feira (3).

O empresário Marián Kocner alega inocência
O empresário Marián Kocner alega inocência
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Kuciak e Kusnirova foram mortos a tiros em sua casa em Velka Maca, cidade situada 60 quilômetros a leste da capital Bratislava, em um caso que desencadeou uma crise política no país e levou à renúncia do então primeiro-ministro Robert Fico.

O jornalista investigava possíveis casos de corrupção, fraude e evasão fiscal envolvendo empresários e o alto escalão da política eslovaca, especialmente em relação aos repasses da União Europeia ao país.

Tomas Szabo, tido como motorista de fuga do assassino, foi condenado pelo Tribunal de Pezinok a 25 anos de reclusão, mas o milionário Marián Kocner, suposto mandante do crime, foi absolvido, assim como Alena Zsuzsová, acusada de ser a intermediária.

"O crime ocorreu, mas não ficou provado que Marián Kocner e Alena Zsuzsová encomendaram o assassinato", disse a juíza Ruzena Sabova em sua decisão. Já Szabo também terá de pagar 70 mil euros para as famílias das duas vítimas.

Ainda cabe recurso, e o Ministério Público diz que Kocner ordenou o homicídio em vingança contra reportagens com denúncias contra ele.

"Precisamos aguentar e seguir em frente. Sempre acreditei na Justiça, mas não acaba aqui", disse, chorando, a mãe de Kusnirova, Zlatica. Já o pai de Kuciak, Jozef, afirmou sentir "desgosto" com a sentença, que gerou críticas até no governo e na União Europeia.

"Parece que os evidentes artífices do homicídio querem escapar da Justiça, mas esperamos que isso não aconteça", escreveu o primeiro-ministro Igor Matovic no Facebook.

Já a vice-presidente de Valores e Transparência da Comissão Europeia, a tcheca Vera Jourová, cobrou que as autoridades eslovacas garantam que os responsáveis pelo crime sejam levados à Justiça. "Essa expectativa não mudou", acrescentou.

Em seu testemunho no tribunal em julho, Kocner admitiu que não é um "santo", mas negou envolvimento no crime. "Certamente não sou um tolo que não percebe ao que levaria o assassinato de um jornalista", justificou.

Outros dois suspeitos já haviam sido condenados anteriormente: Zoltán Andruskó, sentenciado a 15 anos de prisão como intermediário do crime, e Miroslav Marcek, que pegou 20 anos de reclusão por ter sido o autor material do duplo homicídio.

A tese do Ministério Público é de que Andruskó contratou Marcek e seu primo, Szabo, a pedido de Zsuzsová, que estaria seguindo ordens de Kocner.

Ansa - Brasil
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