Tribunal argentino condena 29 pessoas à prisão perpétua por crimes da ditadura
A Argentina condenou na quarta-feira 29 pessoas à prisão perpétua em um julgamento envolvendo cerca de 800 casos de sequestro, tortura e assassinato cometidos durante a ditadura que dominou o país entre 1976 e 1983.
Muitos dos réus, incluindo os ex-capitães da Marinha Alfredo Astiz e Jorge "Tigre" Acosta, já cumprem penas de prisão perpétua por crimes cometidos na Escola de Mecânica da Armada (Esma) que foi convertida em uma prisão clandestina e centro de tortura durante a ditadura.
Entretanto, pela primeira vez no chamado mega caso da Esma, as penas incluíram condenações por "voos da morte", quando pessoas eram drogadas e seus corpos jogados no Rio da Prata.
"Dar sedativos a nossos entes queridos antes ou depois do voo antes de jogá-los no rio ou no mar é inacreditável; é deplorável", disse Lita Boitano, presidente da organização Familiares de Desaparecidos e Detidos por Razões Políticas.
Lita, que perdeu dois filhos durante a ditadura, estava entre as centenas de pessoas reunidas do lado de fora do tribunal em Buenos Aires ouvindo as condenações. A leitura das sentenças demorou mais de três horas.
Além das penas de prisão perpétua, 19 pessoas foram condenadas a entre 8 e 25 anos de prisão. Seis foram inocentadas, incluindo Juan Alemann, que foi ministro de Finanças durante a ditadura e um dos poucos civis que haviam sido acusados de planejar abusos de direitos.
Grupos de direitos humanos estimam que o governo militar argentino matou até 30 mil pessoas durante a ditadura. A maior parte desses corpos nunca foi encontrada.