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Tribunal reduz pena de sequestrador de ônibus escolar na Itália

Sentença contra Ousseynou Sy passou de 24 para 19 anos de prisão

9 abr 2021 - 14h56
(atualizado às 15h02)
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O Tribunal de Apelação de Milão reduziu em cinco anos a pena imposta em primeiro grau ao motorista ítalo-senegalês Ousseynou Sy, 48, pelo sequestro de um ônibus escolar em março de 2019.

Ousseynou Sy no julgamento de primeira instância, em 15 de julho de 2020
Ousseynou Sy no julgamento de primeira instância, em 15 de julho de 2020
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O episódio ocorreu em San Donato Milanese e terminou sem vítimas graças à ação corajosa dos adolescentes Ramy Shehata e Adam El Hamami, que esconderam seus celulares do sequestrador e avisaram a polícia. Ambos são filhos de imigrantes e ganharam a cidadania italiana por heroísmo.

Sy havia sido condenado em primeiro grau a 24 anos de prisão, porém o Tribunal de Apelação reduziu a sentença para 19 anos. A mudança se deve a um aspecto técnico, já que o crime de lesão, que teve o agravante de premeditação excluído, foi absorvido na tipificação de atentado com finalidade de terrorismo.

O motorista também foi sentenciado por sequestro com finalidade de terrorismo e incêndio doloso. A defesa de Sy já confirmou que vai entrar com recurso na Corte de Cassação, tribunal supremo da Itália, para diminuir ainda mais a sentença.

Durante o julgamento, o ítalo-senegalês disse lamentar pelo sequestro e que "não se modifica o passado". "Não sou terrorista nem assassino, nunca tive intenção de fazer mal a ninguém", declarou.

Antes da sentença em primeiro grau, Sy afirmou que o crime teve como objetivo denunciar as mortes de migrantes e refugiados no Mediterrâneo. "Meu gesto tinha o único objetivo de salvar vidas humanas, porque não dava mais, eu via os horrores todos os dias", disse ele na ocasião.

O sequestro ocorreu enquanto o líder de extrema direita Matteo Salvini era ministro do Interior e responsável pelas políticas migratórias da Itália. Sy o definiu no tribunal de primeiro grau como "pequeno Duce". No julgamento em segunda instância, voltou a usar uma máscara com o mapa da África.

O sequestro

Sy levava os jovens de volta a uma escola de Crema, a 50 quilômetros de Milão, após uma excursão. Perto de San Donato Milanese, ele mudou a rota e anunciou aos 51 estudantes a bordo que iria para o Aeroporto de Linate. Três funcionários da escola, incluindo dois professores, também estavam no veículo.

O motorista confiscou os celulares dos alunos, mas Ramy e Adam esconderam seus aparelhos e conseguiram alertar a polícia. O agressor tentou furar um bloqueio da Arma dos Carabineiros, mas perdeu o controle do ônibus, que se chocou contra uma mureta.

Sy então espalhou gasolina pelo veículo e o incendiou, porém os policiais conseguiram retirar todos os passageiros em segurança.

O sequestro durou pouco menos de 40 minutos. Cidadão italiano desde 2004, o motorista tinha antecedentes penais por dirigir embriagado (2007) e assédio sexual contra uma adolescente (2011).

Ansa - Brasil
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