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Trump minimiza crise e não aceita o resultado das urnas

Em entrevista à Fox News, presidente defende resposta do governo à pandemia de coronavírus e ataca rival democrata Joe Biden

20 jul 2020 - 08h24
(atualizado às 08h28)
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WASHINGTON - Pressionado pelo avanço da pandemia nos Estados Unidos, Donald Trump vem tentando encontrar uma linha de ataque contra o rival Joe Biden. Ontem, após a divulgação de uma pesquisa do jornal Washington Post e da emissora ABC News, que indica uma vantagem de 15 pontos porcentuais para o democrata, o presidente deu uma entrevista à Fox News minimizando a crise, reclamando de fraude e se recusando a aceitar o resultado das urnas.

Trump minimiza crise, sugere fraude e não diz se aceitará resultado das urnas
Trump minimiza crise, sugere fraude e não diz se aceitará resultado das urnas
Foto: Jonathan Ernst / Reuters

"Preciso ver. Não vou dizer que sim. Não vou dizer, assim como fiz da última vez", afirmou Trump, em entrevista ao jornalista Chris Wallace, da Fox News, quando foi questionado sobre uma eventual derrota nas urnas - em 2016, ele teve a mesma atitude quando enfrentou Hillary Clinton. "Vai depender. Eu acredito que a votação pelo correio será uma fraude."

A declaração de ontem é uma repetição do argumento que Trump vem sustentando há meses. Para justificar sua teoria, o presidente alega vários motivos: as cédulas poderiam ser falsificadas ou roubadas por crianças nas caixas de correio, que as distribuiriam para eleitores. A estratégia abriria uma brecha para que os republicanos contestem um resultado que não os favoreça.

Trump vem sendo pressionado por crises gigantescas: o coronavírus, que já deixou 140 mil americanos mortos, o tombo da economia, provocado pela pandemia, a onda de protestos contra o racismo, desde o assassinato do negro George Floyd por um policial branco, em maio, que desencadeou uma batalha do presidente em defesa dos símbolos confederados - uma trincheira que ele cada vez mais está cavando sozinho.

Pouco antes de a entrevista de ontem começar, o Washington Post e a ABC News divulgaram pesquisa com um resultado desastroso para o presidente. Biden aparece à frente com 55% das intenções de voto. Trump tem 40%.

No entanto, sondagens nacionais, como a de ontem, não têm o mesmo peso que em outros países. Isto porque a eleição americana é indireta, decidida por um colégio eleitoral de 538 votos alocados segundo a população de cada Estado. Por isso, é possível um candidato vencer mesmo que tenha menos votos que o adversário.

Isso ocorreu em 2000, quando o republicano George W. Bush foi eleito apesar de ter ficado 0,5 ponto porcentual abaixo do democrata Al Gore. E em 2016, quando Hillary Clinton foi derrotada por Trump mesmo saindo das urnas com 2 pontos porcentuais a mais. Analistas, porém, dizem que a anomalia pode ocorrer quando a diferença entre eles é de até 5 pontos porcentuais - acima disso, como agora, seria impossível.

Na entrevista de ontem, quando questionado por Wallace, Trump se irritou, garantiu que as pesquisas são "falsas" e afirmou que as enquetes da Casa Branca o apontam como vencedor das eleições - incluindo em todos os Estados-chave, onde a disputa sempre é acirrada.

O presidente defendeu sua resposta à pandemia, afirmando que os EUA têm "uma das mais baixas taxas de mortalidade do mundo". "Não é verdade", retrucou Wallace - a mortalidade entre os americanos, de 433 por cada milhão de habitantes, está entre as dez mais altas do mundo.

"Não se trata apenas deste país. A crise está acontecendo em muitos outros, mas não falam disso no noticiário. Não falam do México e do Brasil, além de partes da Europa", afirmou. "Por que não falam do México, que não está nos ajudando? Tudo o que posso dizer é que, graças a Deus, construí o muro. Se não houvesse o muro, teríamos um problema muito maior com o México."

Durante a conversa, o presidente cometeu outros erros comuns, como minimizar a gravidade da pandemia, colocar o aumento do número de casos na conta dos testes e atacar Biden de maneira aleatória, afirmando que os democratas "triplicariam os impostos", "deixariam a polícia sem dinheiro" e "acabariam com a religião".

Em determinado momento, Trump voltou a dizer que mais brancos morrem nas mãos da polícia americana do que negros - em uma nova tentativa de diminuir o movimento antirracista. "Muitos brancos são mortos, isso vem ocorrendo há décadas", disse o presidente. Na verdade, diversos estudos mostram que os negros são três vezes mais propensos que os brancos a serem mortos pela polícia nos EUA.

Em situação difícil, o presidente começa a ver sinais de insatisfação dentro de seu partido. Nos últimos dias, governadores republicanos começaram a ignorar as diretrizes da Casa Branca sobre questões como o uso de máscara em público e os conselhos de especialistas em saúde, como Anthony Fauci, que vem sendo criticado por Trump.

Alguns aliados reclamam que ainda não há uma estratégia definida para enfrentar Biden. Outros apontam para problemas mais graves, como o fato de a cidade de Jacksonville, sede da convenção, estar localizada na Flórida, epicentro das contaminações nos EUA. Até agora, pelo menos seis senadores republicanos já disseram que não comparecerão ao evento, que corre o risco de ser esvaziado.

Estadão
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