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Trump muda tom e diz que Rússia pode ter feito ataque hacker

11 jan 2017 - 14h50
(atualizado às 15h53)
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Em uma grave mudança de tom, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em sua primeira entrevista coletiva desde que venceu as eleições que os russos podem estar por trás dos ataques cibernéticos contra o governo no ano passado.

Foto: Reuters

"Eu acho que foi a Rússia, mas eu acho que não podemos focar em um país só porque tivemos muitas invasões de hackers de várias partes do mundo", disse Trump nesta quarta-feira (11).

Segundo o magnata, "o comitê democrata estava aberto para ser invadido e o sistema deles é muito ruim. Eles tentaram sim entrar e invadir os computadores dos republicanos, mas não conseguiram, e temos que fazer isso pelo país". A fala de Trump ocorre menos de 24 horas após a mídia norte-americana divulgar uma série de documentos de que a Inteligência russa teria um dossiê comprometedor sobre ações do magnata, que envolveriam orgias com prostituas em São Petersburgo em 2013.

Kremlin nega ter informações comprometedoras sobre Trump :

O futuro líder norte-americano voltou a negar as acusações, dizendo que a imprensa "publicou a maior mentira" sobre ele até hoje e que isso "nunca deveria isso ter sido liberado. Eu acho que é uma desgraça absoluta". "Eu acho que se eles tivessem isso em mãos, teriam divulgado isso com alegria como fizeram com a Hillary (Clinton). Eles jamais deveriam ter invadido as contas de Hillary, mas vamos lembrar dessas invasões de hackers que revelaram que Hillary recebeu as perguntas para o debate (presidencial), isso é horrível. Se fosse eu que recebesse as perguntas, seria a maior notícia da face da terra", disse ainda.

Trump acrescentou que "fora dos Estados Unidos, sempre tive comportamento irrepreensível" e que o fato de admirar o presidente russo Vladimir Putin é "uma coisa positiva". "Não sei qual a relação que terei com Putin, mas espero que seja bem positivo", acrescentou.

Ele ainda voltou a criticar a Inteligência de seu país, que teria membros que "divulgaram informações falsas" e que se isso for comprovado é "uma mancha" para o serviço secreto. "O encontro com a Inteligência era confidencial. É uma desgraça, vergonhoso que aquelas informações foram divulgadas. Todas coisas nunca feitas, foram nossos opositores", ressaltou.

Foto: Reuters

Hackers

Os serviços de Inteligência e de Segurança dos Estados Unidos revelaram em relatório que Putin "ordenou" uma campanha cibernética para ajudar Trump e influenciar no resultado das eleições presidenciais de novembro. O relatório, divulgado no dia 6 de janeiro, confirma as versões da CIA de que os ataques contra o Partido Democrata eram feitos pelo Kremlin para comprometer a então candidata à Presidência Hillary Clinton.

Os sites russos teriam, com a permissão de Putin, passado essas informações para o Wikileaks, de Julian Assange. Entre os dados roubados, estariam informações sobre favorecimento na corrida eleitoral à Hillary.

Por causa desses relatórios, o atual presidente, Barack Obama, expulsou 35 diplomatas russos dos EUA, declarando-os persona non grata. No entanto, desde que foram divulgadas as informações da "ajuda" russa, Trump rebateu e disse que não acreditava na questão porque era um "lamento" dos democratas.

Foto: Reuters

Conflito de interesses

Ao ser questionado pelos repórteres sobre um possível conflito de interesses tanto nas questões econômicas como na nomeação de seu genro para ser conselheiro sênior, Trump rebateu que isso não existe porque "ele não tem relações com a Rússia" e está abrindo mão de todos os negócios e empreendimentos de suas empresas. Os filhos serão os responsáveis pelas marcas e "não conversarão comigo" sobre isso.

A representante legal do magnata, Sheri Dillon, foi convocada pelo presidente eleito para defender a nomeação de Joshua Kushner e disse que a questão de nepotismo não se aplica para a Casa Branca. Ela ainda confirmou e apresentou documentos sobre a saída do magnata de suas empresas.

Sobre o "Obamacare", o programa de saúde implantado por Obama, ele voltou a falar que o projeto "é um desastre total", que "aumentou em até 100% os gastos com a saúde em alguns estados".

Ao falar das mudanças, Trump ressaltou que "não quer fazer mudanças políticas sobre isso, mas que seja bom para os EUA". "Vamos rejeitar e substituir simultaneamente" o projeto, acrecentou. Trump ainda foi questionado sobre a questão das empresas que saem dos EUA para outros países e disse que elas podem "até sair", mas que "vão pagar impostos muito alta nas fronteiras, que estarão muito mais fechadas".

A fala contradiz diversos acordos comerciais assinados pelos EUA com o México ao longo dos últimos anos. 

Fonte: ANSA
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