Trump recua de ameaça de atacar patrimônios culturais do Irã
"Se a lei é assim, eu gosto de obedecer à lei", disse
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou atrás nesta terça-feira (7) em sua ameaça de atacar patrimônios culturais no Irã em resposta a eventuais retaliações pela morte do general Qassem Soleimani.
"Você quer saber? Se a lei é assim, eu gosto de obedecer à lei", disse o mandatário em uma entrevista coletiva na Casa Branca. No último sábado (4), Trump havia dito que os EUA tinham identificado 52 alvos no Irã, incluindo locais "importantes para a cultura" do país persa, para serem atacados de forma "rápida e dura".
A ameaça gerou críticas - inclusive internas - contra o presidente, já que bombardear patrimônios culturais é considerado crime de guerra por convenções internacionais. Os secretários americanos da Defesa, Mark Esper, e de Estado, Mike Pompeo, já haviam contrariado o próprio chefe e negado a possibilidade de ataques contra áreas culturais no Irã.
"Pense nisso: eles matam pessoas, explodem nossos cidadãos e nós temos de ser muito gentis com suas instituições culturais. Mas estou ok com isso", disse Trump nesta terça, mostrando sua contrariedade com a restrição.
Apesar disso, o presidente reiterou que Teerã vai "sofrer as consequências" se fizer "algo que não deveria". O país persa já ameaçou retaliar os EUA por causa da morte de Soleimani, seu militar mais poderoso e vítima de um bombardeio americano em Bagdá, capital do Iraque.
UE dividida
A União Europeia tenta se colocar como mediadora na crise entre Irã e Estados Unidos por causa da morte de Soleimani, mas uma fonte citada pela agência italiana AGI disse que o bloco está dividido.
"Alguns países estão abertamente do lado dos EUA por causa das relações transatlânticas. Outros são compreensivos com o Irã, onde têm interesses econômicos", afirmou.
Alemanha, França e Reino Unido, signatários do acordo nuclear de 2015, criticaram Soleimani por seu papel de "desestabilização" do Oriente Médio, mesma linha adotada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Já o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell, disse que Teerã não quer uma escalada da tensão e deseja respeitar o acordo nuclear, enquanto a Itália prega um papel de equidistância.
Em conversa por telefone com o secretário Mark Esper nesta terça, o ministro da Defesa italiano, Lorenzo Guerini, pediu "moderação, diálogo e senso de responsabilidade". Segundo Guerini, as prioridades de Roma são a "estabilidade da região e do Iraque e a necessidade de praticar qualquer esforço que preserve os resultados da luta contra o Daesh [um dos nomes do grupo Estado Islâmico]".