Trump e Biden se reúnem na Casa Branca e prometem transição de governo suave
O presidente eleito Donald Trump e o presidente Joe Biden, rivais políticos de longa data, se reuniram nesta quarta-feira pela primeira vez desde que Trump reconquistou a Casa Branca na semana passada e ambos prometeram uma transferência de governo tranquila em janeiro.
Os líderes norte-americanos se sentaram lado a lado diante de uma lareira acesa no Salão Oval, uma cena pacífica que desmentia as tensões entre eles.
A reunião terminou após cerca de duas horas, disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
"Foi uma reunião substantiva", disse ela a jornalistas. "Eles discutiram importantes questões de segurança nacional e política interna que a nação e o mundo enfrentam."
Biden disse que o apoio à Ucrânia era do interesse da Segurança Nacional dos Estados Unidos porque uma Europa forte e estável evitaria que os Estados Unidos fossem arrastados para a guerra, disse o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, jornalistas.
Trump prometeu acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia rapidamente, sem explicar como.
Trump disse ao New York Post que ele e Biden "falaram muito sobre o Oriente Médio" durante a conversa.
"Eu queria saber sua opinião sobre onde estamos", disse Trump. "E ele me deu as opiniões, foi muito gentil", disse Trump, segundo o Post.
Democrata, Biden derrotou Trump na eleição de 2020, mas desistiu da disputa de 2024 em julho, após um debate desastroso com o republicano. A vice-presidente Kamala Harris tornou-se a candidata, mas perdeu para Trump.
"Estamos ansiosos para ter, como dissemos, uma transição tranquila, fazer tudo o que pudermos para garantir que você seja acomodado, o que você precisa", disse Biden. "Bem-vindo, bem-vindo de volta."
"A política é difícil e, em muitos casos, não é um mundo muito agradável, mas é um mundo agradável hoje, e eu aprecio muito uma transição tão suave que será tão suave quanto possível, e eu aprecio muito isso, Joe", disse Trump, que assume em 20 de janeiro.
CONTRASTE
A tradicional cortesia de boas-vindas ao presidente eleito no Salão Oval foi algo que Trump não fez quando Biden venceu em 2020.
O encontro simbolizou um forte contraste com as críticas que os dois trocaram entre si durante anos. Suas respectivas equipes têm posições muito diferentes sobre políticas que vão desde as mudanças climáticas até a Rússia e o comércio.
Durante a reunião, Biden defendeu suas prioridades para o Congresso, incluindo o financiamento do governo e o fornecimento de fundos adicionais para o alívio de desastres, disse Jean-Pierre. O chefe de gabinete de Biden, Jeff Zients, e a chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, participaram da reunião.
"Ele acredita nas normas, acredita em nossa instituição, acredita na transferência pacífica de poder", disse o porta-voz da Casa Branca sobre a decisão de Biden de convidar Trump.
A primeira-dama Jill Biden juntou-se a Biden para cumprimentar Trump em sua chegada. A Casa Branca disse que ela deu a Trump uma carta manuscrita de parabéns para sua esposa, Melania Trump, e "expressou a prontidão de sua equipe para ajudar na transição".
No decorrer da campanha, Biden, de 81 anos, retratou Trump como uma ameaça à democracia, enquanto Trump, de 78 anos, retratou Biden como incompetente. Trump também fez falsas alegações de fraude generalizada após perder a eleição de 2020 para Biden.
Trump comemorou sua vitória no início do dia com os republicanos na Câmara dos Deputados, onde devem ter a maioria e manter o controle da Casa.
"Não é bom ganhar? É bom ganhar. É sempre bom ganhar", disse Trump. "A Câmara se saiu muito bem."
Do lado de fora dos portões da Casa Branca, os sinais da iminente transferência de poder eram evidentes, com a construção já em andamento das arquibancadas para os convidados VIP se sentarem durante o desfile que ocorrerá após a posse de Trump em 20 de janeiro.
TRANSIÇÃO PARALISADA
Embora Biden pretendesse usar a reunião para mostrar continuidade, a transição em si está parcialmente paralisada.
A equipe de Trump, que já anunciou alguns membros do gabinete do novo presidente, ainda não assinou acordos sobre espaços de trabalho e equipamentos do governo, bem como acesso a funcionários, instalações e informações do governo, de acordo com a Casa Branca.
"Os advogados da transição Trump-Vance continuam a se envolver construtivamente com os advogados do governo Biden-Harris em relação a todos os acordos contemplados pela Lei de Transição Presidencial", disse Brian Vance, porta-voz da transição de Trump, referindo-se à lei que rege a transferência de poder.
Valerie Smith Boyd, diretora do Centro de Transição Presidencial da Parceria para o Serviço Público, organização sem fins lucrativos que assessora as novas administrações, disse que o acordo ressalta que os Estados Unidos têm apenas um presidente por vez e inclui promessas de assinar pactos éticos para não lucrar com as informações fornecidas na transição.
"Isso precisa ser assinado para que se inicie a interação com os órgãos federais", disse ela. "Tudo está dependendo disso."
A reunião é o primeiro encontro entre ambos desde o debate da campanha presidencial em junho. O desempenho ruim de Biden aumentou as preocupações sobre sua idade entre os pares democratas e levou à sua saída da disputa eleitoral.