Ucrânia nega envolvimento em morte de Dugina e culpa Rússia
Analista política foi alvo de atentado no fim de semana
Um representante da Ucrânia negou nesta terça-feira (23) que o país esteja por trás do atentado que matou a jornalista e analista política russa Darya Dugina no último sábado (20) e ainda acusou os serviços de inteligência de Moscou pelo crime.
"Não estamos envolvidos na explosão que matou essa mulher. É uma obra dos serviços secretos russos", disse o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksii Danilov.
"O FSB [Serviço Federal de Segurança da Rússia] fez isso e está dizendo que foi alguém da nossa parte. Nós não trabalhamos assim, nossos homens e mulheres têm tarefas mais importantes", acrescentou.
Danilov ainda disse que o Kremlin precisa aumentar a "mobilização social" e que, para isso, o FSB "planeja uma série de atos terroristas nas cidades russas". "Dugina foi apenas a primeira", declarou.
Na última segunda-feira (22), o FSB afirmou que o assassinato de Dugina, filha do proeminente filósofo ultranacionalista Alexander Dugin, foi planejado pelos serviços secretos de Kiev e executado pela ucraniana Natalia Pavlovna Vovk, de 43 anos.
A suspeita teria chegado na Rússia em 23 de julho, com sua filha Sofia Mikhailovna Shaban, 12, e saído do país através da fronteira com a Estônia na província de Pskov.
De acordo com o FSB, Vovk e Shaban estavam no mesmo festival do qual Dugina e seu pai haviam participado como convidados de honra, no sábado.
A analista política foi vítima de uma bomba instalada no automóvel que ela dirigia - um Toyota Land Cruiser Prado em nome de Dugin - e acionada à distância. O crime ocorreu quando Dugina passava pelo vilarejo de Velyki Vyazomi, nos arredores de Moscou, voltando do festival.
A jornalista e seu pai deveriam viajar no mesmo automóvel, mas, no último instante, Dugin teria decidido ir em um carro separado. Segundo o FSB, Vovk chegou a alugar um apartamento em Moscou no mesmo condomínio onde Dugina residia para monitorar seus passos.
Dugin é conhecido por suas opiniões antiocidentais e de extrema direita e, nos últimos anos, passou a ser identificado pela imprensa europeia e americana como um dos inspiradores da política externa ultranacionalista de Vladimir Putin, embora a mídia russa o considere uma figura "marginal".
Dugina, por sua vez, era uma analista política de destaque e apoiadora da invasão russa à Ucrânia, o que a levou a ser sancionada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Seu funeral foi realizado nesta terça, em Moscou, e reuniu centenas de pessoas. "Ela morreu pelo povo, pela Rússia", disse Dugin na cerimônia.