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Ucrânia quer reunião com Rússia em até 48 horas para discutir escalada de tensão

Ucrânia acusa Rússia de ignorar pedidos para explicar acúmulo de tropas nas fronteiras e convoca reunião.

13 fev 2022 - 21h31
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Soldados e policiais ucranianos realizaram uma ampla variedade de exercícios nos últimos dias
Soldados e policiais ucranianos realizaram uma ampla variedade de exercícios nos últimos dias
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Ucrânia convocou uma reunião com a Rússia e outros membros de um grupo estratégico de segurança europeu para discutir as crescentes tensões em sua fronteira.

O ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, disse que a Rússia ignorou os pedidos formais para explicar o aumento das tropas na região.

Ele afirmou que o "próximo passo" é solicitar uma reunião nas próximas 48 horas para "transparência" sobre os planos russos.

A Rússia negou ter intenções de invadir a Ucrânia, apesar do acúmulo de cerca de 100 mil soldados nas fronteiras do país vizinho.

Kuleba disse que a Ucrânia, na sexta-feira (11/2), exigiu respostas da Rússia sob as regras do Documento de Viena, um acordo sobre questões de segurança adotado pelos membros da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que inclui a Rússia.

"Se a Rússia é séria quando fala sobre a indivisibilidade da segurança no espaço da OSCE, deve cumprir seu compromisso com a transparência militar para diminuir as tensões e aumentar a segurança para todos", afirmou o ministro.

Milhares de soldados russos participaram de exercícios militares na Bielorrússia, que faz fronteira com a Ucrânia
Milhares de soldados russos participaram de exercícios militares na Bielorrússia, que faz fronteira com a Ucrânia
Foto: EPA/Ministério da Defesa da Rússia / BBC News Brasil

Algumas nações ocidentais alertaram que a Rússia está se preparando para uma invasão, com os EUA dizendo que a ação poderia começar com bombardeios aéreos "a qualquer momento".

Mais de uma dúzia de países pediram a seus cidadãos que deixem a Ucrânia, e alguns retiraram funcionários diplomáticos da capital, incluindo os EUA.

Mas o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que criticou o "pânico" que pode se espalhar por essas alegações, disse que não tem provas de que a Rússia esteja planejando uma invasão nos próximos dias.

No domingo, Zelensky conversou por quase uma hora por telefone com o presidente dos EUA, Joe Biden. A Casa Branca disse que Biden reiterou o apoio dos EUA à Ucrânia e que ambos os líderes concordaram com "a importância de continuar a buscar a diplomacia e a dissuasão".

A declaração da Ucrânia sobre a ligação informou que o presidente do país agradeceu aos EUA por seu "apoio inabalável" e que, no final, Zelensky convidou o líder dos EUA a visitar a Ucrânia. Não houve comentários da Casa Branca.

Uma ligação de uma hora entre Biden e o líder russo Vladimir Putin no sábado não produziu avanços.

Repórteres em Kiev dizem que o pânico não se espalhou pela cidade, mas os avisos dos EUA e de outros países tiveram efeito.

Algumas companhias aéreas comerciais cancelaram voos para o país no fim de semana, enquanto a Ucrânia disse que estava comprometendo o equivalente a centenas de milhões de dólares em segurança aérea e seguro para manter as rotas de voo em operação.

Em julho de 2014, 298 pessoas morreram quando um voo da Malaysian Airlines foi abatido sobre uma região do leste da Ucrânia ocupada por forças rebeldes apoiadas pela Rússia.

Mais cedo, Ben Wallace, secretário de Defesa do Reino Unido, gerou críticas por parte da Ucrânia por comentários que fez comparando a situação atual com o apaziguamento da Alemanha nazista no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial.

Ele disse ao jornal Sunday Times: "Pode ser que ele [o presidente Putin] simplesmente desligue seus tanques e todos nós voltemos para casa, mas há um cheiro de Munique no ar", referindo-se aos acordos de Munique que permitiram que a Alemanha invadisse os territórios da Tchecoslováquia. Essa concessão não impediu a guerra.

O embaixador da Ucrânia no Reino Unido respondeu durante sua participação em um programa de rádio da BBC: "Não é o melhor momento para ofendermos nossos parceiros no mundo, lembrando-os desse ato que na verdade não trouxe paz, mas o oposto — trouxe a guerra. "

Mas os esforços diplomáticos também continuam em outras frentes. O chanceler alemão Olaf Sholz tem reuniões agendadas com o presidente Zelensky em Kiev na segunda-feira e com o presidente Putin em Moscou na terça-feira.

O chanceler alemão Olaf Sholz tem reuniões agendadas com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em Kiev na segunda-feira e com Vladimir Putin em Moscou na terça-feira
O chanceler alemão Olaf Sholz tem reuniões agendadas com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em Kiev na segunda-feira e com Vladimir Putin em Moscou na terça-feira
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O chanceler, que assumiu a liderança da Alemanha sucedendo Angela Merkel em dezembro, alertou para as graves consequências econômicas para a Rússia se ela lançar qualquer invasão, ecoando declarações de outras nações ocidentais e membros da aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Mas as autoridades de Berlim minimizaram qualquer expectativa de ruptura.

Uma das exigências da Rússia é que a Ucrânia — que atualmente não é membro — nunca seja autorizada a ingressar na Otan.

A Otan e as nações ocidentais insistem que países soberanos como a Ucrânia são livres para decidir as coisas por si mesmos, incluindo potencialmente solicitar a adesão à aliança de segurança, formada em parte como um contrapeso à União Soviética após a Segunda Guerra Mundial.

A Rússia alega que o acúmulo de tropas ao longo da fronteira com a Ucrânia é um assunto seu, dentro de seu próprio território. No domingo, o alto funcionário de política externa Yuri Ushakov caracterizou os avisos dos EUA de invasão iminente como uma "histeria".

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