UE ajudará países vizinhos do Afeganistão para evitar crise migratória
Afegãos tentam fugir do país após Talibã assumir controle
A União Europeia (UE) teme que a situação no território afegão após o grupo Talibã assumir o poder provoque uma intensa crise migratória e, portanto, decidiu ajudar os países vizinhos do Afeganistão.
"Um número significativo de afegãos já foge para os países vizinhos. Devemos trabalhar em estreita colaboração com esses países e estar prontos para fornecer-lhes ajuda humanitária e de desenvolvimento, se necessário", anunciou a comissária europeia para Assuntos Internos, Ylva Johansson.
A representante da UE fez referência à cooperação já em curso com o Paquistão, Irã e Tajiquistão, bem como com outros países da região, como a Turquia. Segundo ela, "do jeito que as coisas estão, a situação no Afeganistão claramente não é segura e não será segura por algum tempo", portanto, não se pode "forçar as pessoas a voltarem".
Durante reunião extraordinário de ministros do Interior da UE, Johansson defendeu que não se deve abandonar as pessoas em perigo imediato no Afeganistão, principalmente porque jornalistas, funcionários de ONGs e defensores dos direitos humanos estão entre os que correm maior risco.
A comissária também ressaltou que é fundamental levar em conta a dimensão de gênero, para que a UE possa ajudar mulheres e meninas.
"Não devemos esperar que as pessoas cheguem às fronteiras externas da UE. Esta não é uma solução. Devemos evitar que as pessoas se dirijam à União Europeia por rotas inseguras, irregulares e não controladas dirigidas por traficantes", explicou.
Johansson pediu aos estados-membros que "acelerem suas operações" para receber refugiados em seu território, "aumentando as cotas" de afegãos que podem acolher e "proporcionando-lhe meios legais adicionais" para ingressar no país.
"À medida que continuamos nosso trabalho para combater os riscos da migração irregular, combater o tráfico de pessoas e administrar nossas fronteiras com eficácia, também precisamos fornecer canais legais, seguros e organizados para nos estabelecermos na UE", enfatizou.
Segundo ela, trata-se de respeitar "a abordagem completa e equilibrada" do novo Pacto Europeu sobre Migração e Asilo, apresentado pela Comissão em setembro para reformar o sistema atual.
"A UE continuará a desempenhar um papel de liderança no apoio aos refugiados afegãos na região", principalmente para "fortalecer a resposta da comunidade internacional à situação dos refugiados afegãos e, consequentemente, estimular compromissos políticos, financeiros e materiais", acrescentou.
Os afegãos estão entre o maior grupo de pessoas de um único país a solicitar proteção internacional na Europa, depois dos sírios. De acordo com estimativas da UE, cerca de 550 mil afegãos já foram deslocados internamente no país desde o início do ano, além de 2,9 milhões já deslocados no final de 2020.
Desde o início do ano, cerca de 120 mil afegãos fugiram de áreas rurais e cidades provinciais para a província de Cabul - incluindo cerca de 20 mil desde o início de julho. Ao todo, 80% das pessoas forçadas a fugir são mulheres e crianças.
"Temos que apoiar os deslocados no Afeganistão por meio de organizações internacionais, como o ACNUR e a OIM, dar-lhes a assistência necessária e ajudá-los a voltar para suas casas no Afeganistão quando as condições no território permitirem", finalizou Johansson.