UE pedirá ajuda ao Egito para conter crise migratória
Cúpula em Salzburgo reuniu líderes do bloco por dois dias
Após uma reunião de dois dias entre os principais líderes da União Europeia (UE), o chanceler da Áustria, Sebastian Kurz, pediu para todos integrantes do bloco iniciarem uma negociação com os países do norte da África, principalmente o Egito, na tentativa de conter o fluxo migratório na Europa.
"O Egito está pronto para aprofundar o seu diálogo conosco", afirmou o austríaco, cujo país assume atualmente a presidência rotativa da UE.
A afirmação ocorre após Kurz e o presidente do Conselho da UE, Donald Tusk, visitarem o Cairo para dialogar com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, responsável por impedir seus cidadãos de partir rumo ao território europeu.
Segundo o chanceler, o país africano já provou que pode ser eficiente. "Desde 2016, o país tem impedido que navios saiam do Egito para a Europa ou, quando saíam, os trazia de volta". Por isso, a nação "está preparada para possivelmente aprofundar a cooperação com o bloco em novas negociações".
Atualmente, a União Europeia já firmou acordos com a Turquia e a Líbia para contribuírem para que menos deslocados atravessem o mar Mediterrâneo. Mesmo assim, a cúpula europeia realizada em Salzburgo, na Áustria, debateu formas de estabelecer parcerias com outros países do norte da África.
Por isso, os representantes do bloco organizam uma reunião com a Liga Árabe. A expectativa é que seja realizada em fevereiro.
No entanto, Kurz relembrou que a questão migratória "não será resolvida com a repartição dos migrantes pelos estados-membros, mas pela proteção das suas fronteiras". Além disso, a Comissão Europeia quer reforçar os meios da Agência Europeia de Proteção de Fronteiras e Costeira (Frontex).
"A posição da Itália no projeto Frontex é que certamente pode desempenhar um bom papel, mas reforço da Frontex até 10 mil homens também levanta questões sobre a utilidade de tal investimento. Prefiro que todos esses investimentos sejam destinados para a África", explicou o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte.
Para o premier italiano, se a Europa quer expressar uma política de imigração é preciso primeiro estabelecer uma estratégia.
Segundo o último relatório da agência das Nações Unidas para refugiados (Acnur), a Itália acolhe cerca de 354 mil deslocados internacionais. Nos últimos anos, a península recebeu centenas de milhares de migrantes forçados via Mediterrâneo, porém boa parte deles se deslocou para o norte da Europa, a países como Alemanha, Suécia e Áustria.
Um dos projetos estudados pelos líderes da UE é a construção de "plataformas de desembarque" nos países do norte da África, para acolher os deslocados resgatados no Mediterrâneo. No entanto, ainda nenhuma nação demonstrou interesse na ideia.