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Um ano após 7 de Outubro, Hamas enfrenta dissidência em Gaza, com guerra cobrando seu preço

8 out 2024 - 11h43
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Por Nidal al-Mughrabi e Ali Sawafta

CAIRO/RAMALLAH - Samira, mãe de dois filhos, anseia por sua antiga vida, quando era professora de árabe e tinha uma casa confortável, antes do ataque do Hamas contra Israel, um ano atrás, mergulhar Gaza no sofrimento e no caos.

Ela se juntou a um número crescente de habitantes de Gaza que se perguntam se pagaram um preço muito alto pelo ataque do Hamas em 7 de outubro do ano passado. A ofensiva israelense que se seguiu destruiu Gaza, matou dezenas de milhares de pessoas e expulsou mais de um milhão de palestinos de suas casas.

"Apesar de todas as dificuldades, nossa vida estava indo bem. Tínhamos empregos, casas e uma cidade", disse Samira, 52 anos, que se recusou a informar o nome de sua família por medo de retaliação.

Samira descreve Israel como "nosso principal inimigo... a fonte de todos os nossos males", mas ela também culpa o líder do Hamas, Yahya Sinwar, o mentor dos ataques de 7 de outubro, pelo que ela considera um grande erro de cálculo.

"O que ele estava pensando? Será que ele não esperava que Israel destruísse Gaza?", disse.

A Reuters conversou com dezenas de moradores de Gaza, que pediram para não serem identificados pelos seus nomes completos para evitar represálias. Para alguns, o Hamas é o herói do ataque de 7 de outubro, quando militantes palestinos fizeram uma incursão sem precedentes em Israel, o que eles nunca imaginaram que veriam.

No entanto, muitos disseram que o grupo militante apoiado pelo Irã -- que governa Gaza desde 2007 -- não se importou com o sofrimento deles, e alguns sugeriram que o ataque foi um erro terrível.

Sinwar, 62 anos, não foi visto em público desde o ataque de 7 de outubro, no qual homens armados mataram 1.200 pessoas e sequestraram outras 251, incluindo mulheres e crianças, de acordo com os registros israelenses. Ele dirige o Hamas das sombras de uma rede de túneis labirínticos sob Gaza e, segundo pessoas em contato com ele, continua convencido de que a luta armada é a única maneira de forçar a criação de um Estado palestino.

O Hamas diz que o ataque de 7 de outubro -- o mais mortal nos 75 anos de história de Israel -- marcou um ponto de virada na luta de décadas pelo status de nação palestina, que havia saído da agenda internacional. Autoridades dizem que o grupo está vencendo a batalha contra Israel, que não conseguiu atingir seus objetivos de guerra de destruir o Hamas como força de combate, eliminar seus líderes ou recuperar seus reféns.

No entanto, cerca de 42.000 palestinos foram mortos na ofensiva de Israel, de acordo com os registros das autoridades de saúde de Gaza, e a fome assola os campos de deslocados, onde mais de um milhão de pessoas buscaram abrigo.

Uma pesquisa de opinião publicada em meados de setembro pelo Palestinian Center for Policy and Survey Research (PSR), um think tank com sede em Ramallah financiado por doadores ocidentais, mostrou pela primeira vez que a maioria dos habitantes de Gaza se opõe à decisão de lançar o ataque. Segundo a pesquisa, realizada no início de setembro, 57% das pessoas consultadas na Faixa de Gaza disseram que a decisão de lançar a ofensiva foi incorreta, e apenas 39% disseram que foi correta -- uma queda acentuada em relação à pesquisa anterior, realizada em junho.

Faz tempo que o Hamas é acusado de esmagar a dissidência em Gaza com espancamentos ou coisas piores. Mas nos últimos meses houve algumas raras demonstrações públicas de dissidência.

A ex-autoridade do Hamas, Ahmed Youssef Saleh, acessou o Facebook em julho para perguntar se alguém do Hamas "estudou e pensou nas consequências" antes de lançar um ataque que convidou a invasão intransigente de Israel.

Desde então, a publicação de Saleh atraiu centenas de comentários, muitos deles acrescentando suas próprias críticas ao grupo islâmico. Saleh, que continua postando regularmente, não respondeu aos pedidos por comentários.

Em julho, o ativista palestino Ameen Abed, que havia criticado o ataque de 7 de outubro, foi espancado por homens mascarados e hospitalizado. Seu pai percorreu as ruas do campo de refugiados de Jabalia, em Gaza, usando um alto-falante para acusar o Hamas pelo ataque.

Sami Abu Zuhri, uma autoridade graduada do Hamas, descartou essas críticas ao grupo como "comentários limitados". "Essas falas resultam da dor e nada mais", disse, à Reuters, acrescentando que o espírito do povo palestino estava longe de ser quebrado.

"Não tivemos escolha a não ser lançar essa grande batalha, independentemente do custo, porque a causa palestina estava prestes a terminar em meio à crescente agressão e aos crimes israelenses contra nosso povo e nossos locais sagrados", disse.

Os sinais de dissidência são importantes para o Hamas, que pretende manter seu domínio em Gaza após o fim da guerra, apesar da insistência de Israel e dos Estados Unidos de que o Hamas não poderá desempenhar nenhum papel no governo do enclave após a guerra.

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