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Uma em cada oito meninas e mulheres é estuprada ou agredida sexualmente antes dos 18 anos, diz Unicef

10 out 2024 - 11h17
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Mais de 370 milhões de meninas e mulheres vivas hoje, ou uma em cada oito em todo o mundo, sofreram estupro ou agressão sexual antes dos 18 anos de idade, disse a agência infantil da Organização das Nações Unidas (ONU) na quarta-feira.

O número sobe para 650 milhões, ou uma em cada cinco, quando se leva em conta formas de violência sexual "sem contato", como abuso verbal ou online, segundo a Unicef, no que chamou de primeira pesquisa global sobre o problema.

O relatório afirma que, embora meninas e mulheres sejam as mais afetadas, de 240 a 310 milhões de meninos e homens, ou cerca de 1 em cada 11, sofreram estupro ou agressão sexual durante a infância.

"A escala dessa violação dos direitos humanos é esmagadora e tem sido difícil de ser totalmente compreendida devido ao estigma, aos desafios de medição e ao investimento limitado na coleta de dados", afirmou a Unicef ao divulgar o relatório.

O relatório é apresentado antes da primeira Conferência Ministerial Global sobre o Fim da Violência contra Crianças, que será realizada na Colômbia no próximo mês.

A Unicef disse que suas descobertas destacam a necessidade urgente de intensificar ações globais, inclusive fortalecendo as leis e ajudando as crianças a reconhecer e denunciar a violência sexual.

De acordo com a Unicef, a violência sexual ultrapassa fronteiras geográficas, culturais e econômicas, mas a África Subsaariana tem o maior número de vítimas, com 79 milhões de meninas e mulheres, ou 22%. O leste e o sudeste da Ásia vêm em seguida, com 75 milhões, ou 8%.

Em seus dados sobre mulheres e meninas, A Unicef estimou que 73 milhões, ou 9%, foram afetadas na Ásia Central e Meridional; 68 milhões, ou 14%, na Europa e na América do Norte; 45 milhões, ou 18%, na América Latina e no Caribe, e 29 milhões, ou 15%, no norte da África e na Ásia Ocidental.

A Oceania, com 6 milhões, teve o maior número de afetadas por porcentagem, com 34%.

Os riscos foram maiores, chegando a 1 em cada 4, em "ambientes frágeis", incluindo aqueles com instituições fracas, forças de paz da ONU ou um grande número de refugiados, segundo o relatório.

A diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, chamou a violência sexual contra crianças de "uma mancha em nossa consciência moral".

"Ela inflige traumas profundos e duradouros, muitas vezes por alguém que a criança conhece e em quem confia, em lugares onde deveria se sentir segura."

A Unicef disse que a maior parte da violência sexual infantil ocorre durante a adolescência, especialmente entre os 14 e 17 anos, e aqueles que a sofrem enfrentam riscos maiores de doenças sexualmente transmissíveis, abuso de substâncias e problemas de saúde mental.

"O impacto é ainda mais agravado quando as crianças demoram a revelar suas experiências... ou mantêm o abuso em segredo", disse a Unicef.

Segundo a Unicef, é necessário um maior investimento em coleta de dados para capturar a escala total do problema, dadas as persistentes lacunas de dados, especialmente sobre as experiências dos meninos.

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