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Único condenado por morte de Meredith Kercher é libertado

Rudy Guede terminou de cumprir sua pena na Itália

23 nov 2021 - 09h59
(atualizado às 10h20)
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O marfinense Rudy Guede, único condenado pelo assassinato da estudante britânica Meredith Kercher, terminou de cumprir sua pena na Itália e está livre.

Rudy Guede disse que agora quer ser 'esquecido'
Rudy Guede disse que agora quer ser 'esquecido'
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Condenado a 16 anos de prisão, Guede obteve um desconto de 45 dias em sua sentença por boa conduta, antecipando o fim da pena de 4 de janeiro de 2022 para 20 de novembro de 2021.

A decisão do Tribunal de Vigilância de Viterbo, no entanto, saiu apenas nesta terça-feira (23), e o marfinense agora não tem mais nenhuma pendência com a Justiça italiana.

Guede já havia progredido para o regime semiaberto em setembro de 2019 e para o aberto em dezembro de 2020. Nesse período, trabalhou como voluntário na Cáritas e no Centro de Estudos Criminológicos de Viterbo.

"Depois de 14 anos, ele quer apenas ser esquecido", disse à ANSA o professor Claudio Mariani, que auxiliou Guede em seu voluntariado. "A vida de uma jovem garota foi destruída, e aprendemos com sua família a dignidade e o valor do silêncio. Até por isso, Rudy quer continuar a ajudar o próximo, trabalhar e, sobretudo, ficar em silêncio", acrescentou.

O marfinense também se formou em ciências históricas na cadeia e estudou narração cinematográfica. O bom comportamento na prisão e a dedicação aos estudos lhe renderam um desconto total de mais de 1,1 mil dias em sua pena.

Relembre

O homicídio de Kercher ocorreu em 1º de novembro de 2007, na cidade italiana de Perúgia, onde ela estudava e dividia uma casa com a americana Amanda Knox. O corpo da jovem foi encontrado degolado, seminu e com uma série de feridas, e o caso logo chamou atenção pelas circunstâncias que o envolviam.

Ao lado de Guede, Knox e seu então namorado, o italiano Raffaele Sollecito, foram acusados de matar Kercher em meio a discussões sobre a limpeza da casa e jogos sexuais que fugiram do controle - hipótese descartada posteriormente.

A beleza da americana também foi outro chamariz para o homicídio. Na Itália, ela ficou conhecida como "a diaba com rosto de anjo". O ex-casal chegou a ser sentenciado após o DNA de Knox ter sido encontrado em uma faca com o sangue da vítima e ficou preso na Itália até 2011, quando a Corte de Cassação, tribunal supremo do país, anulou o processo por falhas na perícia.

No mesmo dia em que foi libertada, a americana voltou para a casa de sua família, em Seattle. No fim de 2013, a Corte de Cassação determinou a reabertura do caso, já que a inocência dela e de Sollecito não tinha sido comprovada, culminando em uma sentença condenatória do Tribunal de Apelação de Florença em janeiro do ano seguinte.

Mas a decisão foi novamente derrubada pela Corte de Cassação, que não viu indícios de participação de Knox e Sollecito no assassinato e os absolveu em definitivo.

Já Guede foi condenado em um processo separado, já que ele dispensou a apresentação de testemunhas de defesa, por ter invadido a casa e matado Kercher, mas ele alega que conhecia a britânica e que estava na residência a convite dela.

Segundo sua versão, o homicídio ocorreu enquanto ele estava no banheiro, após uma discussão entre Kercher e Knox. O crime atribuído a Guede foi o de "colaboração em homicídio", mas a Justiça italiana nunca determinou com quem ele colaborou.

Ansa - Brasil
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