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Varíola dos macacos: o que se sabe de doença rara identificada nos EUA

Trata-se do primeiro caso em quase duas décadas no país de doença tropical potencialmente fatal. Risco de contágio é baixo, explicam autoridades.

16 jul 2021 - 20h36
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Vírus da varíola dos macacos, identificado pela primeira vez em duas décadas nos EUA
Vírus da varíola dos macacos, identificado pela primeira vez em duas décadas nos EUA
Foto: Science Photo Library / BBC News Brasil

Autoridades de saúde dos Estados Unidos confirmaram na sexta-feira (16/07) que um passageiro que viajou da Nigéria para o Estado do Texas foi diagnosticado com "varíola dos macacos", uma doença tropical rara e grave, que pode ser fatal.

Este é o primeiro caso da doença diagnosticado nos Estados Unidos em quase duas décadas.

Segundo o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência de pesquisa em saúde pública ligada ao Departamento de Saúde nacional, e o Departamento de Saúde estadual do Texas, o paciente, que é residente dos Estados Unidos e não foi identificado, está hospitalizado na cidade de Dallas, em isolamento e em condição estável.

"O CDC está trabalhando com a companhia aérea e com autoridades de saúde estaduais e locais para contactar os passageiros e outras pessoas que possam ter entrado em contato com o paciente", disse a agência em nota.

O paciente viajou em dois voos. De Lagos (Nigéria) para Atlanta, no Estado da Geórgia, com embarque em 8 de julho e chegada em 9 de julho, e de Atlanta para Dallas no dia 9 de julho.

"Era exigido que os viajantes usassem máscaras nesses voos, assim como nos aeroportos americanos, devido à pandemia de covid-19. Assim, acredita-se que o risco de contágio da varíola dos macacos por meio de gotículas respiratórias nos aviões e nos aeroportos seja baixo", ressaltou o CDC.

A agência informou que está avaliando os riscos potenciais para as pessoas que tenham tido contato próximo com o viajante nos aviões e em outros locais. Essas pessoas estão sendo entrevistadas por autoridades de saúde.

"Temos confiança nos profissionais médicos federais, estaduais e locais que estão trabalhando para garantir que esse vírus seja contido", escreveu no Twitter o prefeito de Dallas, Eric Johnson.

Em nota, o diretor do Departamento de Saúde do Condado de Dallas, Philip Huang, disse que não há motivo para alarde. "Há um risco muito pequeno para o público em geral", afirmou Huang.

Passageiro infectado esteve nos aeroportos de Atlanta (acima) e Dallas; por conta das medidas preventivas à covid-19, acredita-se que risco de ele ter contagiado outras pessoas seja baixo
Passageiro infectado esteve nos aeroportos de Atlanta (acima) e Dallas; por conta das medidas preventivas à covid-19, acredita-se que risco de ele ter contagiado outras pessoas seja baixo
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A doença

Segundo o CDC, "a varíola dos macacos está na mesma família de vírus como o da varíola, mas causa uma infecção mais branda".

A doença foi descoberta em 1958, quando dois surtos ocorreram em colônias de macacos usados em pesquisas. Foram esses surtos iniciais que deram o nome à doença.

"Especialistas ainda precisam identificar onde a varíola dos macacos se esconde na natureza, mas acredita-se que roedores pequenos mamíferos na África têm um papel na propagação do vírus para humanos e para outros animais florestais, como macacos", diz o CDC.

O primeiro caso em humanos foi identificado mais de uma década depois, em 1970, na República Democrática do Congo.

O CDC lembra que, na época, havia um grande esforço para eliminar a varíola (cujo último caso natural ocorreu em 1977, e que foi oficialmente considerada erradicada pela Organização Mundial da Saúde em 1980).

Desde o primeiro paciente identificado em 1970, foram registrados casos em humanos em nove outros países do centro e do oeste da África.

Desde 2017, mais de 400 casos da doença foram diagnosticados em pessoas na Nigéria.

Casos fora da África

Em 2003, um surto da doença atingiu 47 pessoas nos Estados Unidos, das quais nenhuma morreu. Segundo o CDC, essa foi a primeira vez que a varíola dos macacos em humanos foi confirmada fora da África.

Na época, o vírus foi trazido por roedores importados da África, que transmitiram a doença a cães da pradaria (um tipo de roedor nativo da América do Norte) usados como animais de estimação.

Conforme o CDC, só houve outros cinco registros de casos em humanos fora da África. Em 2018, três pessoas no Reino Unido e uma pessoa em Israel foram contaminadas. Em 2019, houve um caso em Cingapura.

Neste ano, além do caso identificado no Texas, foram registrados três outros casos no Reino Unido. O CDC observa que esses casos não têm relação com o do paciente no Texas.

Sintomas e contágio

Os primeiros sintomas podem ser semelhantes aos da gripe e são acompanhados de inchaço dos gânglios linfáticos. Após esses sinais iniciais, os pacientes têm erupções cutâneas no rosto e no corpo. Na maioria dos casos, a infecção dura entre duas e quatro semanas.

"Neste caso específico (do Texas), testes de laboratório no CDC mostraram que o paciente está infectado com uma cepa mais comumente vista em partes da África Ocidental, incluindo a Nigéria", diz o CDC.

"Infecções com essa cepa de varíola dos macacos são fatais em cerca de uma em cada cem pessoas. Mas as taxas podem ser mais altas em pessoas com sistema imune debilitado", esclarece a agência.

Uma pessoa pode ser infectada com varíola dos macacos ao ser mordida ou arranhada por um animal contaminado, ao ingerir carne de animais selvagens de caça ou ao ter contato com um animal ou produtos animais infectados.

Entre humanos, os cientistas acreditam que o modo principal de transmissão é por meio de gotículas respiratórias. Como essas gotículas não são capazes de circular por mais do que poucos metros, os especialistas acreditam que o contágio nesses casos ocorre quando há contato próximo e prolongado com pessoas infectadas.

Também é possível contágio por meio de contato com fluidos corporais e feridas ou por objetos contaminados.

O CDC diz que não há tratamento comprovado e seguro para a doença. Mas a agência lembra que a vacina contra a varíola já foi usada para controlar surtos anteriores, como o ocorrido nos Estados Unidos em 2003.

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