Vendo suprimento oscilar, UE exige que fabricantes de vacinas cumpram palavra
A Europa exortou as farmacêuticas nesta terça-feira a manterem sua palavra e fornecerem vacinas contra coronavírus em meio a uma série de cortes e atrasos nas entregas, conforme a esperança de uma solução rápida para a Covid-19 se desintegram lentamente em recriminação.
O mundo alardeou o desenvolvimento superveloz de vacinas como a melhor chance de escapar da pandemia de um ano, que já matou mais de 2,1 milhões de pessoas, ansioso por reativar economias e reiniciar as viagens até a chegada do verão europeu.
Mas a distribuição das vacinas na União Europeia tem sido lenta quando comparada com a de alguns outros países, e repleta de problemas --as interrupções das cadeias de suprimento não sendo os menores deles.
A AstraZeneca, que desenvolveu sua vacina com a Universidade de Oxford, disse à UE na sexta-feira que não conseguirá cumprir as metas de suprimento combinadas até o final de março. A Pfizer disse que haverá um impacto temporário nas remessas entre o final de janeiro e o início de fevereiro.
"A Europa investiu bilhões para ajudar a desenvolver as primeiras vacinas contra Covid-19 do mundo. Para criar um bem comum verdadeiramente global", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em uma reunião virtual do Fórum Econômico Mundial.
"E agora, as empresas precisam cumprir sua parte. Elas precisam honrar suas obrigações."
Membros da União Europeia podem processar a AstraZeneca por violação contratual se a empresa não cumprir o cronograma de entrega, disse o ministro das Relações Exteriores da Letônia, Edgars Rinkevics.
"A possibilidade deveria ser avaliada, e deveria ser coordenada entre os países da UE", disse o chanceler à Reuters através de seu porta-voz.
Cada Estado-membro do bloco tem um contrato de suprimento separado com a empresa.
O ministro da Saúde da Alemanha apoiou as propostas da UE para adotar restrições à exportação de vacinas contra Covid-19, dizendo que a Europa deveria ter sua "cota justa".
"Consigo entender que existem problemas de produção, mas então isto deve afetar a todos da mesma maneira", disse Jens Spahn à televisão ZDF.
A AstraZeneca disse que as remessas iniciais à UE ficarão abaixo dos volumes planejados devido a problemas de produção.
"Os volumes iniciais serão mais baixos do que se imaginou originalmente devido à produção reduzida em uma instalação de fabricação de nossa cadeia de suprimento europeia", explicou um porta-voz da AstraZeneca em um comunicado por escrito na sexta-feira, sem dar detalhes.
A farmacêutica propôs enviar suprimentos ao bloco em fevereiro, mas não esclareceu o possível redirecionamento de doses do Reino Unido, disseram autoridades da UE à Reuters nesta terça-feira.