Venezuela paga voos para imigrantes deixarem o Equador após assassinato
O governo venezuelano irá pagar voos para transportar imigrantes que vivem no Equador de volta para a Venezuela, disse uma autoridade de Caracas na terça-feira, depois que o assassinato de uma jovem equatoriana por um venezuelano desencadeou controles mais rígidos e atos de violência.
O assassinato da noite de sábado na cidade de Ibarra e os subsequentes ataques contra venezuelanos marcaram uma escalada nas tensões migratórias no Equador que, como muitos outros países da América do Sul, recebeu milhares dos quase 3 milhões de venezuelanos que fugiram do colapso econômico do país desde 2015.
"Muitos dos venezuelanos em Ibarra querem voltar", disse Pedro Sassone, encarregado de negócios da embaixada da Venezuela no Equador, que disse que cinco voos comerciais estão previstos para levar imigrantes de volta nesta semana. "Venezuelanos em Ibarra estão sendo demitidos -- isso é xenofobia, isso é discriminação".
O governo do presidente socialista Nicolás Maduro tem há meses promovido o programa "Retorno à Pátria" para levar de volta à Venezuela imigrantes espalhados pela região. Autoridades venezuelanas também afirmam que as estatísticas de emigração são exageradas para justificar uma intervenção de poderes estrangeiros no país.
Sassone disse esperar que 400 venezuelanos deixem o Equador, incluindo 40 de Ibarra. Um total de 250 mil venezuelanos vivem no país, dos quais 42 por cento têm vistos de trabalho válidos, segundo estatísticas do governo.
Em resposta ao assassinato de sábado, o Equador anunciou que começará a exigir que venezuelanos que queiram entrar no país apresentem seus antecedentes criminais na fronteira, enquanto o presidente equatoriano, Lenín Moreno, disse que irá criar "unidades" para checar o status legal de venezuelanos "nas ruas, nos ambientes de trabalho e na fronteira".
Representantes da comunidade venezuelana no Equador disseram que imigrantes têm sofrido ataques e ameaças após o assassinato e os comentários de Moreno. Autoridades equatorianas têm pedido que seus cidadãos não façam generalizações sobre os imigrantes e não conduzam atos de violência.
"Essa última semana foi pior do que nunca-- eles te olham feio nas ruas, você tem medo de sair", disse Angelys Lopez, de 17 anos, que trabalhou como vendedora de rua em Quito nos últimos três anos, mas que agora espera conseguir um lugar no voo de volta a Caracas.
"Eu tenho medo de continuar no Equador --é por isso que estou voltando ao meu país".