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Venezuela pode agravar pandemia permitindo mineração na Amazônia, alertam ativistas

27 abr 2020 - 11h43
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A decisão da Venezuela de permitir a mineração de ouro e diamantes em seis rios de sua região amazônica pode agravar o dano ambiental de uma iniciativa de mineração apoiada pelo Estado e ainda estimular a disseminação do coronavírus, de acordo com ativistas e parlamentares.

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
12/03/2020 REUTERS/Manaure Quintero
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro 12/03/2020 REUTERS/Manaure Quintero
Foto: Reuters

Neste mês, o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cancelou a proibição de longa data à mineração nos rios, e na semana passada a Assembleia Nacional controlada pela oposição repudiou o decreto.

Embora tal mineração já ocorra de maneira ilegal, críticos dizem que anular a interdição estimulará minas clandestinas que são focos de doenças infecciosas há anos no momento em que o país tenta impedir a propagação da Covid-19, a doença respiratória causada pelo coronavírus.

"Existe uma relação direta entre a mineração e o crescimento de algumas epidemias, como malária, sarampo e outras", disse Luis Bello, do Grupo de Trabalho Sócio-Ambiental Wataniba da Amazônia, uma entidade de ativismo ambiental. "Então, no contexto do coronavírus, a atividade mineradora nestes rios pode criar um meio ambiente favorável ao contágio."

O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu a um pedido de comentário.

A resolução oficial autoriza a mineração nos rios Cuchivero, Caura, Aro, Caroni, Yuruari e Cuyuni, localizados no Arco de Mineração do Orinoco, que foi criado pelo governo em uma área de mais de 111 mil quilômetros quadrados na Amazônia venezuelana.

Desde 2016, o governo de Maduro apoia a mineração em pequena escala no local para gerar renda em meio a uma crise econômica, um esforço que se expandiu desde que os Estados Unidos aumentaram sanções visando tirá-lo do poder.

A iniciativa foi criticada por ambientalistas e grupos de direitos humanos por contaminar bacias hidrográficas com mercúrio, estimular massacres entre gangues que disputam territórios e servir como criadouro de doenças.

"Eles devastarão a água, o solo e o ar", disse a parlamentar Maria Gabriela Hernández, chefe da comissão ambiental da legislatura. "O mercúrio que eles usam causa danos sérios aos seres humanos, principalmente aos mineiros e às comunidades das áreas próximas."

Embora o governo, ao suspender a proibição à mineração, tenha reiterado uma proibição em vigor ao uso de mercúrio, ativistas disseram que a mineração em pequena escala costuma ignorar tais regulamentos.

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