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Vítimas de abuso sexual exigem reunião com Papa e dizem que bispos devem ser afastados

20 fev 2019 - 12h27
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Vítimas de abuso sexual por parte do clero católico exigiram nesta quarta-feira encontrar pessoalmente o papa Francisco para reforçar o pedido de que os bispos que encobrem tais crimes sejam dispensados do sacerdócio.

Peter Isley, sobrevivente de abuso sexual cometido por um padre, fala com repórteres no Vaticano
20/02/2019 REUTERS/Remo Casilli
Peter Isley, sobrevivente de abuso sexual cometido por um padre, fala com repórteres no Vaticano 20/02/2019 REUTERS/Remo Casilli
Foto: Reuters

As 10 vítimas se encontraram por quase três horas com cinco autoridades do Vaticano um dia antes do início de uma conferência sem precedentes sobre abusos na Igreja, planejada para orientar bispos mais velhos sobre a melhor forma de enfrentar o problema que dizimou sua credibilidade.

Todas as vítimas de abuso expressaram descontentamento pelo fato de o papa não ter comparecido à reunião, embora sua presença não estivesse confirmada.

"Se ele pode se reunir com todos os bispos de lá, pode se encontrar conosco", afirmou Peter Isely, que foi abusado por um padre quando era criança.

"Nós fizemos nossas exigências de tolerância zero. Queremos que o papa escreva em uma lei universal: tolerância zero para o acobertamento de crimes sexuais. Eles podem fazer isso agora", disse ele a repórteres após a reunião com as autoridades, todas elas clérigos.

Ele e outras vítimas afirmaram que os bispos que haviam acobertado o abuso deveriam ser dispensados do sacerdócio, assim como aqueles que cometeram o abuso em si.

Outras vítimas de abuso esperavam do lado de fora do prédio em que a reunião aconteceu.

"Acreditávamos que a reunião desta manhã seria do papa com um grupo de sobreviventes de todo o mundo", disse o inglês Peter Saunders à Reuters TV.

Ele não estava entre os que participaram da reunião.

    "Parece que o papa, mais uma vez, está 'dando os dois dedos' para os sobreviventes e a proteção infantil de todos os lugares do mundo", disse ele, usando uma expressão inglesa para um gesto grosseiro.

O Vaticano afirmou que a presença do papa na reunião nunca esteve prevista, pois ele se reuniria com outras vítimas durante a conferência.

Isely e outros que participaram da reunião de quarta-feira disseram que também queriam conhecer o papa porque representavam aqueles com mais experiência e informações na coleta de dados tanto sobre os agressores quanto sobre as vítimas.

As vítimas que se encontrarem com Francisco e comparecerem à conferência de quatro dias permanecerão anônimas a pedido delas.

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