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Xi diz que China enfrenta "situação grave"; mortes por vírus chegam a 42

25 jan 2020 - 13h26
(atualizado às 16h29)
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O presidente chinês, Xi Jinping, disse que a China está enfrentando uma "situação grave", já que o número de mortos pelo surto de coronavírus saltou para 42, ofuscando as celebrações do Ano Novo Lunar que começaram neste sábado.

Funcionários medem a temperatura dos passageiros em estação de trem na região central de Pequim, China 25/01/2020 REUTERS/Thomas Peter
Funcionários medem a temperatura dos passageiros em estação de trem na região central de Pequim, China 25/01/2020 REUTERS/Thomas Peter
Foto: Reuters

Com mais de 1.400 pessoas infectadas em todo o mundo, a maioria delas na China, Hong Kong declarou uma emergência de vírus, suspendeu celebrações e restringiu as conexões com a China continental.

Austrália confirmou seus quatro primeiros casos neste sábado, a Malásia confirmou quatro e a França relatou os primeiros casos da Europa na sexta-feira, enquanto as autoridades de saúde de todo o mundo lutam para evitar uma pandemia.

Os Estados Unidos estão organizando um voo charter no domingo para trazer seus cidadãos e diplomatas de volta de Wuhan, cidade central da China que é o epicentro do surto, informou o Wall Street Journal.

Em Hong Kong, com cinco casos confirmados, a líder executiva da cidade, Carrie Lam, disse que os voos e viagens de trem de alta velocidade entre a cidade e Wuhan serão interrompidos. As escolas em Hong Kong, que atualmente estão de férias pelo Ano Novo Lunar, permanecerão fechadas até 17 de fevereiro.

Xi realizou uma reunião no Politburo neste sábado sobre medidas para combater o surto "acelerado", informou a televisão estatal.

Até às 20h (horário local) de sábado, o número de mortos na China havia subido para 42, informaram autoridades, ante 26 no dia anterior. Também no país, 1.372 pessoas estavam infectadas pelo vírus - ligado a um mercado de frutos do mar em Wuhan que vendia ilegalmente animais silvestres.

O vírus também foi detectado na Tailândia, Vietnã, Cingapura, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Nepal e Estados Unidos.

Na província de Hubei, onde fica Wuhan, os funcionários apelaram por máscaras e roupas de proteção.

"Estamos constantemente avançando no controle e prevenção de doenças ... Mas agora estamos enfrentando uma crise de saúde pública extremamente grave", disse Hu Yinghai, vice-diretor geral do Departamento de Assuntos Civis, em entrevista coletiva.

Os veículos que transportam suprimentos de emergência e equipes médicas para Wuhan estarão isentos de pedágios e receberão prioridade no trânsito, informou o Ministério dos Transportes da China no sábado.

Wuhan disse que proibiria veículos não essenciais do centro da cidade a partir de domingo para controlar a propagação do vírus, paralisando ainda mais uma cidade de 11 milhões de pessoas que está em confinamento virtual desde quinta-feira, com quase todos os voos cancelados e postos de controle bloqueando as principais estradas fora da cidade.

Autoridades impuseram restrições de transporte a quase toda a província de Hubei, que tem uma população de 59 milhões.

O coronavírus recém-identificado criou alarme porque ainda existem muitas incógnitas em torno dele, como o quão perigoso é e com que facilidade se espalha entre as pessoas. Pode causar pneumonia, que foi mortal em alguns casos.  

MEDIDAS DE PROTEÇÃO

A Austrália confirmou seus quatro primeiros casos em duas cidades diferentes no sábado, e a principal autoridade de saúde do país disse que esperava mais casos, já que a Austrália é um destino popular para turistas chineses

A rede estatal China Global Television reportou neste sábado que um médico que estava tratando pacientes em Wuhan, Liang Wudong, 62 anos, morreu do vírus.

Não estava claro imediatamente se sua morte já foi incluída no número oficial de 41, dos quais 39 estavam na província central de Hubei, onde Wuhan está localizada.

A rede de cafeterias norte-americana Starbucks disse neste sábado que estava fechando todos os seus pontos de venda na província de Hubei para o feriado de Ano Novo Lunar de uma semana, após um movimento semelhante do McDonald's em cinco cidades de Hubei.

Em Pequim, neste sábado, funcionários em trajes de proteção brancos verificaram a temperatura dos passageiros entrando no metrô na estação ferroviária central, enquanto alguns serviços de trem na região do delta do rio Yangtze, no leste da China, foram suspensos, disse a operadora ferroviária local.

A estatal CCTV, citando um anúncio da associação da indústria de turismo da China, disse que o país interromperá todas as excursões em grupo, tanto no país quanto no exterior, a partir de 27 de janeiro.

AMEAÇA À SAÚDE GLOBAL

Há temores de que a transmissão acelere com as viagens chinesas durante o feriado de Ano Novo Lunar, que começou neste sábado, embora muitos tenham cancelado seus planos.

Aeroportos de todo o mundo intensificaram a triagem de passageiros da China, embora algumas autoridades e especialistas em saúde tenham questionado a eficácia de tais triagens.

Em u exemplo de como esses esforços poderiam deixar passar casos, os médicos de um hospital de Paris disseram que dois dos três cidadãos chineses na França que foram diagnosticados com o vírus chegaram ao país sem apresentar sintomas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o novo coronavírus uma "emergência na China" esta semana, mas decidiu não declará-lo como preocupação internacional.

Um relatório de especialistas em doenças infecciosas do Imperial College, em Londres, disse neste sábado que, apesar disso, a epidemia "representa uma clara e contínua ameaça à saúde global", acrescentando: "É incerto no momento atual se é possível conter a epidemia em andamento na China."

Embora a China tenha pedido transparência na gestão da crise, após a disseminação da Síndrome Respiratória Aguda Grave de 2002/2003, as autoridades de Wuhan foram criticadas por lidar com o atual surto.

Em rara dissidência pública, um jornalista sênior de um jornal provincial de Hubei, dirigido pelo Partido Comunista, pediu na sexta-feira uma mudança "imediata" de liderança em Wuhan, em publicação no Weibo, semelhante ao Twitter. A publicação foi removida posteriormente.

CELEBRAÇÕES

A província de Hubei, onde as autoridades estão correndo para construir um hospital com 1.000 leitos em seis dias para tratar pacientes, anunciou neste sábado que havia 658 pacientes afetados pelo vírus em tratamento, 57 dos quais estavam gravemente doentes.

Em um período normalmente festivo nesta época do ano, Sanya, um popular destino turístico na ilha de Hainan, no sul da China, anunciou que estava fechando todos os locais turísticos, enquanto a capital da ilha, Haikou, disse que os visitantes de Wuhan seriam colocados em quarentena de 14 dias em um hotel.

A Disneylândia de Xangai foi fechada a partir deste sábado. O parque temático tem uma capacidade diária de 100.000 pessoas e as entradas esgotaram durante o feriado de Ano Novo Lunar do ano passado.

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